No Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, centenas de pessoas participaram da 2ª Romaria do Fórum das Águas, em Manaus (AM). Com o tema Nossas vozes na COP30 em defesa da água e da vida na Amazônia e o lema Luta por preservação e acesso para todos!, o evento destacou a urgência da preservação dos recursos hídricos e o direito universal à água, especialmente para as populações mais vulneráveis.
A concentração aconteceu no Porto da Ceasa, reunindo organizações sociais, ativistas, comunidades ribeirinhas, indígenas e cidadãos comprometidos com a causa ambiental. Os participantes partiram em barcos e seguiram em romaria até o Encontro das Águas, onde os rios Negro e Solimões se encontram. O ato simbólico sublinhou a luta contra a privatização dos serviços de abastecimento e a crise hídrica que afeta milhões de pessoas na Amazônia.
Presença jesuíta e compromisso com a justiça socioambiental
A Companhia de Jesus esteve presente no evento por meio de suas obras na região: o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), o Centro MAGIS Amazônia e o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR). A atuação das obras jesuítas reforça o compromisso da Igreja com a justiça socioambiental e a dignidade humana, especialmente em um contexto de ameaças crescentes aos territórios e modos de vida tradicionais.
O Fórum das Águas, coletivo responsável pela organização da Romaria, tem se consolidado como um dos principais espaços de mobilização em defesa dos recursos hídricos da Amazônia. Seu coordenador, o jesuíta Pe. Sandoval Rocha, SJ, destaca a importância de levar as vozes da região para os debates da COP30, que acontecerá em novembro, em Belém (PA).
“Queremos que nossas vozes e reivindicações, que de fato trazem a realidade e a situação da Amazônia, cheguem até esses governantes, ministros e representantes de mais de 190 países. Nosso objetivo é influenciar as deliberações que serão tomadas durante o evento”, afirmou Pe. Sandoval.
Crise ambiental e direito à água
A Romaria também alertou para a crescente crise ambiental, marcada por desastres climáticos, degradação dos ecossistemas e injustiça socioambiental. Apesar da imensa riqueza hídrica da Amazônia, milhões de pessoas ainda vivem sem acesso à água potável e saneamento básico. Em Manaus, por exemplo, os serviços de abastecimento são privatizados desde o ano 2000, resultando em tarifas elevadas e atendimento precário, especialmente nas periferias. Pe. Sandoval Rocha, que também é doutor em Ciências Sociais, alerta que “a racionalidade econômica que caracteriza o mundo contemporâneo está levando a humanidade ao precipício, deixando a sociedade sem tempo de resposta”.
Mobilização para transformar a realidade
Além da Romaria, o Fórum das Águas tem ampliado sua atuação em espaços de debate e incidência política. O grupo participou recentemente da 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente (Cema) e do Converge Amazônia 2025, fortalecendo a luta por políticas públicas que garantam o acesso universal à água e a gestão sustentável dos recursos naturais.
Galeria de Fotos: