Nesta sexta-feira, 9/07, acontece o 4º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. O objetivo do encontro, que será virtual, é refletir sobre o impacto da pandemia da covid-19 sobre os trabalhadores mais humildes e marginalizados. O evento conta com a participação do prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Peter Turkson.
Uma segunda fase, também em modo digital, está prevista para setembro, com a esperada participação do Papa Francisco. “Estes encontros constituem um espaço de fraternidade que reúne representantes dos Movimentos Populares de todas as áreas do planeta, de diferentes religiões e culturas”.
Na videoconferência desta sexta-feira, espera-se que os delegados estejam conectados dos EUA, Europa, África e Ásia. Trata-se de “revendedores, recicladores, vendedores ambulantes, estilistas, artesãos, pescadores, agricultores, construtores, mineiros, trabalhadores de empresas recuperadas, todos os tipos de cooperativas, trabalhadores de setores populares, trabalhadores cristãos pertencentes a diferentes setores e profissões, trabalhadores provenientes de bairros e vilarejos”, todas as pessoas que “praticam a cultura do encontro e caminham juntas”.
A esperança, continua a nota, é que se consiga dar “voz e visibilidade” às preocupações dos pobres, excluídos e marginalizados sobre as crescentes injustiças que eles sofrem nas esferas econômica e social, e se procure “propor soluções alternativas e novas formas de luta em defesa dos direitos, da terra, da moradia e do trabalho em primeiro lugar”. Tudo em relação ao “momento histórico de crise multidimensional, estendido mundialmente, com uma magnitude nunca vista antes, gerada pela pandemia da covid-19”. Representantes dos Movimentos Populares do Brasil, Argentina, Índia, Espanha, Estados Unidos e Itália compõem o comitê organizador do evento, que “mantém vivo o diálogo com a Santa Sé através do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral”.
Primeiro encontro
Deve-se lembrar que o primeiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares foi realizado em Roma, em outubro de 2014. Um “marco” no processo de organização e amadurecimento dos Movimentos que reuniu centenas de representantes dos cinco continentes e foi particularmente útil para conhecer as diferentes realidades dos trabalhadores pobres e marginalizados. O foco do evento, na perspectiva da Exortação Apostólica do Papa Francisco “Evangelii gaudium”, foi a reflexão sobre a chaga dos trabalhadores sem direitos e excluídos, que se tornaram precários e migrantes.
Segundo encontro
O segundo encontro foi realizado em julho de 2015 em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Numerosos participantes, mais de 1.500, representando 40 países dos cinco continentes, se reuniram para compartilhar “experiências, realidades e ideias e propor soluções para os problemas dos mais pobres à luz da Encíclica “Laudato si’” do Pontífice. Em particular, foi reiterado que “os problemas sociais e ambientais são duas faces da mesma moeda” e que “um sistema que não é capaz de oferecer terra, abrigo e trabalho para todos, que põe em risco a paz entre as pessoas e ameaça a sobrevivência da Terra não pode continuar tendo nas mãos o destino do planeta”. Daí o chamado a “superar um modelo social, político, econômico e cultural no qual o mercado e o dinheiro se tornaram fundamentais nas relações humanas em todos os níveis”. Desse encontro de julho de 2015 nasceram dois documentos fundamentais: a “Carta de Santa Cruz” e a mensagem do Papa Francisco, que, juntos, indicavam três grandes tarefas: colocar a economia a serviço dos povos, unir as populações no caminho da paz e da justiça e defender a Terra.
Terceiro encontro
Em novembro de 2016, foi realizado o terceiro Encontro Mundial dos Movimentos Populares, no Vaticano, que serviu para “concluir um conjunto de propostas comuns para todos”. Com a participação de 170 delegados de 65 países, foram debatidos os conceitos de povo e democracia; território e natureza; refugiados e deslocados no mundo. Mais uma vez, foi distribuído um documento final, intitulado “Proposta de Documento de Ação para Transformação” e acompanhado pela mensagem do Papa Francisco. Especificamente, o Pontífice convidou os Movimentos a continuar o diálogo pela justiça e pela terra, teto e trabalho, pedindo-lhes que exerçam a solidariedade entre os que sofrem e que participem da vida política, “uma das mais altas manifestações de caridade”.
Quarto encontro
Nesta sexta-feira, enfim, será a vez do quarto encontro que se inspirará na carta do Pontífice aos movimentos populares de 12 de abril de 2020, na qual o Papa destaca que é “o momento de um salário universal para os trabalhadores mais humildes e sem direitos” porque o lockdown causado pela pandemia impede “ganhar o pão”. Daí o apelo aos próprios Movimentos Populares para que pensem com ele “no projeto de desenvolvimento humano a que aspiramos” para os momentos que se seguem à crise.
O evento será transmitido ao vivo e simultaneamente em espanhol, inglês, português e francês pelos meios de comunicação dos Movimentos Populares: o site www.movpop.org, a conta no Twitter @enmovpop e a página Tierra-Techo-Trabajo no Facebook.
Fonte: Vatican News