Após cinco anos de intensa mobilização e engajamento, a Campanha Inaciano pelo Haiti chegou ao fim em dezembro de 2016. Criada pela FLACSI (Federação Latino-americana de Colégios da Companhia de Jesus), em 2011, a iniciativa promoveu um importante trabalho de reestruturação das escolas de Fé e Alegria no país, garantindo que elas tivessem condições mínimas para poder funcionar, após o terremoto que atingiu a nação em 2010.
Realizada em duas etapas (2011-2013 e 2015-2016), a Campanha contou com a participação dos colégios jesuítas da América Latina e provou que, literalmente, a união faz a força. “O envolvimento dos colégios foi incrível. Considerando que é a primeira iniciativa conjunta entre as instituições educativas da Companhia de Jesus no continente, a Campanha Inacianos pelo Haiti conseguiu que o compromisso e o trabalho se mantivessem durante um longo período de tempo, envolvendo a maior quantidade dos colégios da FLACSI”, compartilha Jimena Castro, coordenadora da Campanha Inacianos pelo Haiti.
Na primeira fase, o foco da Campanha era contribuir com o fortalecimento institucional da rede de escolas de Fé e Alegria, no Haiti. Esse trabalho aconteceu por meio de um projeto desenvolvido com uma equipe de profissionais, conjuntamente com o pessoal de Fé e Alegria, que atuava no escritório nacional, localizado na capital do país, Porto Príncipe. Além dessa equipe, a participação de diretores e professores das escolas espalhadas pelo país foi fundamental, pois eles recolheram, com riqueza de detalhes, informações sobre o estado de cada uma das instituições, após o terremoto, identificando, assim, as principais e mais urgentes necessidades.
“O envolvimento dos colégios foi incrível. Considerando que é a primeira iniciativa conjunta entre as instituições educativas da Companhia de Jesus no continente […]”
Jimena Castro, coordenadora da campanha
Segundo Castro, esse foi o início de um trabalho muito importante, que deu origem a uma ferramenta chamada ‘folha de rota’. “Esse documento de planificação foi indicando a cada uma das escolas, segundo a situação, o caminho para canalizar da melhor forma os recursos (econômicos, humanos, etc.) e, pouco a pouco, cada uma das escolas, e todas juntas, foram consolidando-se como centros educativos para oferecer uma educação de qualidade”, explica. Dessa forma, nessa fase, Fé e Alegria conseguiu que todas as escolas da rede tivessem ao menos uma infraestrutura básica para poder acolher as crianças.
A segunda fase complementou ainda mais o processo da primeira, pois o foco era identificar e retribuir o trabalho dos professores e o fortalecimento de sua formação docente. “Essa etapa convidou todos os inacianos a apoiar os 140 haitianos responsáveis pela educação de mais de 4 mil crianças no país”, conta a coordenadora da Campanha Inacianos pelo Haiti.
Nesse contexto, o papel dos colégios jesuítas foi essencial no envolvimento das comunidades educativas. “Conscientes da importância e da urgência da mobilização, a equipe diretiva e todo o pessoal dos colégios permitiram que os estudantes conhecessem a realidade educativa do Haiti não só nas salas de aula, mas também nos corredores do colégio. Até as ruas próximas das instituições foram cenário de atividades da campanha. Com certeza, hoje, há muitos Inacianos pelo Haiti espalhados por todo o continente!”, ressalta Castro.
No Brasil, todos os colégios da Rede Jesuíta de Educação – RJE participaram da Campanha Inacianos pelo Haiti. “Esse engajamento reflete a concepção e os esforços do trabalho em rede que os brasileiros têm. Os colégios levaram a campanha às festas juninas, às salas de aula, às missas. As instituições promoveram caminhadas e também pedaladas pelo Haiti”, relembra Castro. “Os alunos prepararam lanches para arrecadar doações e desenvolveram conferências, bazares, tardes recreativas, gincanas, ou seja, utilizaram todos os espaços possíveis, dentro e fora do colégio, para apoiar a campanha”, conta.
Ela destaca também a iniciativa de intercâmbio de professoras haitianas no Brasil. “Essa experiência foi maravilhosa! Durante três meses, duas educadoras de Fé e Alegria estiveram compartilhando suas experiências em educação infantil (e experiências de vida também) com outros professores das unidades da RJE, localizadas em Teresina (PI)”, diz Castro. O processo de imersão foi muito rico e possibilitou a troca de modos de aprendizagens e ferramentas entre as haitianas e os brasileiros.
Para a coordenadora da Campanha Inacianos pelo Haiti, há muito o que se comemorar. “Os avanços no fortalecimento da rede de Fé e Alegria Haiti e a contribuição na formação dos professores são muito perceptíveis”, afirma. Além desses importantes passos, Castro ressalta um legado ainda maior e que ficará para sempre. “Hoje, diretores, professores e as crianças das escolas do Haiti sabem que podem contar com o apoio de todo um continente. Isso gera um sentimento profundo que fortalece e dá ainda mais coragem para que eles possam continuar trabalhando pela educação do seu país”, conclui.
Os Embaixadores de Transformação
Os alunos dos colégios jesuítas foram os principais responsáveis por dar vida à Campanha Inacianos pelo Haiti. As crianças e jovens abraçaram a iniciativa e, além de participar das atividades e ações, também envolveram amigos e familiares. Assim, inspirada nessa atuação, em 2016, nasceu a proposta dos Embaixadores de Transformação.
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