No dia 23 de março, o Ministério do Trabalho divulgou o cadastro de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à de escravo, conhecida como “lista suja” do trabalho escravo no país.
O OLMA (Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida) analisou o documento. Confira abaixo:
SOBRE A LISTA DO TRABALHO ESCRAVO DO BRASIL
Criada em 2003, a Lista Suja do Trabalho Escravo era mantida a sete chaves dentro do Ministério do Trabalho. Nesta semana, o ministro Alberto Bresciani, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), derrubou a liminar do Ministro Ives Gandra, que possibilitava ao governo a não divulgação dos nomes das empresas e empresários que mantinham escravos trabalhando em pleno século XXI.
Nós, do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), realizamos uma pequena síntese deste conteúdo e agora socializamos com você.
Como podemos perceber, Pará, Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Paraná lideram a lista dos Estados da Federação com maior número de escravos. Dos 26 estados e o Distrito Federal, apenas sete unidades federativas não são citadas na lista (Alagoas, Distrito Federal, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Roraima, Sergipe. Isto nos leva a um primeiro ponto: O trabalho escravo é algo generalizado no Brasil, estando presente em 74,07% do território nacional.
Outro elemento que chama a atenção é o caráter rural do trabalho escravo: todos os estados citados, com exceção de São Paulo, os locais de trabalho escravo são em fazendas, madeireiras e estâncias de pecuárias localizadas em regiões não urbanas. Em São Paulo, destaca-se particularmente um caráter urbano, referindo-se diretamente a produção têxtil.
Estamos nos referindo a 2.981 pessoas que foram registradas nas esparsas fiscalizações do Ministério do Trabalho durante os últimos 13 anos, aproximadamente. A lista é muito deficitária nos detalhes desta população, não apresenta gênero, idade, ou qualquer outra característica que nos auxilie a traçar um certo perfil.
Outro dado curioso da lista é não informar a localidade, nem os donos do maior empreendimento escravocrata registrado no pais. A Fazenda um canto de Paz não conta com nenhum outro tipo de registro referente a região ou donos, apenas o abismal número de 348 trabalhadores escravizados.
Dando nomes a alguns bois, a lista oferta, com precariedade alguns nomes de escravagistas de poder no Brasil:
Emídio Alves Madeira – Fazenda Santa Efigênia (MG)
Ednei Oliveira Gomes – Obra de Mineração Conceição do Mato Dentro (MG)
José Telles de Oliveira Filho – Fazenda Porto Alegre (AC)
Sindi Pará Industrias – Fazenda Água Fria (PA)
Sabaraalcool AS (PR) – Frente de Plantio e corte de cana de açúcar
Dedéa pecuária AS – Fazenda São Sebastião (PA)
Fabiano Neiva Eulálio – Povoado Morrinhos (PI)
União Agropecuária Novo Horizonte – Fazenda um Canto de Paz
Wanderley Bozi – fazenda Novo Pará (ES)
Ao analisarmos a lista daqueles que impunimente aprisionam e obrigam pessoas a trabalhar em regime de escravidão não encontramos o nome de mulheres, dando, sobre as informações prestadas pela lista, um caráter exclusivamente masculino para o escravocrata brasileiro. Ademais, digitando os nomes na internet com facilidade você poderá encontrar fotos e informações sobre as pessoas citadas na Lista Suja do Trabalho Escravo no Brasil e obviamente, não irá espantar-se ao encontrar vereadores, deputados, grandes empresários, pessoas públicas e conhecidas das colunas sociais, mas que na verdade deveriam estar nas colunas policiais.
OLMA (Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida)
Fonte: G1