Enquanto o filme Silêncio (Martin Scorsese, 2016) narra a procura de dois jesuítas portugueses por seu mestre no Japão do século XVII, no ano de 2017, estudiosos buscavam por vestígios de Cristóvão Ferreira (um dos personagens do longa) nos fundos da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (Portugal).
Antônio Maia do Amaral, diretor-adjunto da Biblioteca, contou em entrevista a grande sorte que os pesquisadores tiveram ao achar, recentemente, uma carta escrita à mão pelo padre jesuíta, que viveu durante anos em terras japonesas. Mesmo renegando sua fé após ter sido torturado, Ferreira é de alguma maneira considerado um mártir. A descoberta é uma relíquia.
O documento, de 1618, consiste em uma carta ânua – um relatório sobre o que aconteceu durante o período de um ano nas missões do estrangeiro -, e nela podem ser lidos relatos de perseguição, de conversão e histórias dos movimentos missionários no país. Na época vivenciada por Ferreira, já estavam em vigor decretos que proibiam o exercício da religião cristã, o que explica a limitação dessas atividades e a intensidade da opressão.
Silêncio retrata a busca realizada por Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garrpe (Adam Driver), no Japão, após descobrirem que seu mestre Cristóvão Ferreira (Liam Neeson), teria renegado à sua fé em uma sessão de tortura. O longa foi exibido para 400 jesuítas, em Roma (Itália), antes de ser lançado nas grandes telas e foi tido como um filme muito interessante e fiel ao livro do japonês Shusaku Endo, mas ao mesmo tempo muito duro devido às questões tratadas. No início do ano, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus publicou uma nota sobre a vida de Ferreira para facilitar a compreensão da narrativa do filme (clique aqui para saber mais).
Fonte: Universidade de Coimbra (Coimbra/Portugal)