A Paróquia Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, em Cuiabá (MT), promoveu um ato ecumênico no dia 23 de junho. Por meio da lavagem das escadarias da igreja, os fiéis chamaram a atenção para o cuidado com a ‘Nossa Casa Comum’, como pede o Papa Francisco. Segundo o padre Aloir Pacini, vigário paroquial, essa ação ajuda as pessoas a refletirem sobre a situação do estado de Mato Grosso. “O desmatamento da floresta e a poluição do rio Cuiabá continuam deixando o Pantanal um depósito de lixo”, afirma o jesuíta.
Para ele, este ato ecumênico tem algo da profecia de São João Batista. “Seu fogo que faz queimar as injustiças e a corrupção equilibra-se nas águas do Rio Jordão. O rito que une os cristãos católicos aos cultos de matriz africana mostra que temos que dar as mãos se queremos que o nosso planeta sobreviva à ganância humana”, ressalta padre Aloir, acrescentando que “a idolatria ao dinheiro é o grande problema do nosso tempo, por isso Jesus Cristo diz que não podemos servir a Deus e ao dinheiro, pois amará um e odiará o outro. Uma vida simples, desprendida deste mundo é a possibilidade de alcançarmos justiça na terra”.
O jesuíta afirma que “o ato religioso tem um sentido metafórico de recordar estes espaços como local onde os índios, negros, descendentes de africanos e remanescentes escravos [junto com brancos, por que não?], trabalharam e cultivaram a fé tradicionalmente devotada ao Santo Negro, nosso padroeiro”.
O vigário paroquial defende também que o preconceito deve ser esclarecido com a bandeira da paz. “Não estamos combatendo nada, mas fazendo que a justiça e a paz se abracem nesta baixada cuiabana, lavando tudo que foi de maldade vivida nestas terras dos Boe (Bororos), que foram invadidas”. Ele explica que “quando os bandeirantes encontraram ouro no Coxipó do Ouro, em 1719, e nas Minas do Sutil, onde, hoje, estão construídas as escadas e a igreja, os indígenas que lá e aqui viviam passaram a ser massacrados. Assim, é bom lembrar que antes dos negros escravizados serem trazidos pelos bandeirantes para explorar o ouro na baixada cuiabana e no vale do Guaporé, os corpos dos índios é que foram escravizados e suas terras tomadas. Vale sim uma lavagem destas escadas para construirmos um mundo mais justo e fraterno onde todos nos sintamos irmãos. Deus salve as águas e São Benedito que tornou isso possível!”, finaliza.
Fonte: Paróquia Nossa Senhora do Rosário e São Benedito (Cuiabá/MT)