O clima de consternação provocado pelo incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), em setembro, deu visibilidade à segurança precária de edifícios que abrigam tesouros culturais brasileiros. Mas a Catedral Basílica de Salvador, na Bahia, mostra que nem tudo é assim.
A restauração do patrimônio, que está cravado entre os casarões do Pelourinho, acaba de ser finalizada. Quarto templo construído pelos jesuítas em Salvador, a catedral abriu as portas em 1672. Agora, depois de um longo e minucioso trabalho de restauração, que custou quase R$ 18 milhões, volta a se mostrar imponente.
Os 13 altares exibem o brilho das folhas de ouro usadas na restauração. Pinturas originais, que estavam encobertas por camadas de tinta e verniz, revelam como os artistas jesuítas decoraram a catedral entre os séculos 17 e 18.
Entre tantas imagens restauradas, a de Jesus crucificado chama a atenção. Fica no altar-mor, em um nicho, a mais de dez metros do chão. É uma imagem que no passado não podia ser vista sempre. Ela ficava protegida por portas que estavam escondidas, emperradas, e foram descobertas durante a restauração da catedral.
Ao lado, na capela do Santíssimo, a remoção de tinta revelou mais história: nas paredes, oito pinturas; no altar, folhas de prata, em vez de ouro. “Geralmente, predominam as folhas de ouro, os altares todos dourados, e o altar do Santíssimo, especificamente, estava todo encoberto por camadas de tinta”, explicou Laura Lima, arquiteta do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Outra surpresa apareceu atrás do retábulo do altar de Santo Inácio de Loyola – os pesquisadores encontraram 12 crânios humanos. “A gente simplesmente protegeu e optou por mantê-los no lugar onde estavam”, disse a arquiteta Laura.
No átrio em frente ao altar-mor, um tablado removido revelou a lápide de Mem de Sá, terceiro governador-geral do Brasil, que morreu em 1572. É nosso passado, relembrado em cada detalhe, e que precisa ser preservado. “O que a gente fez foi refazer todas as instalações elétricas do monumento para garantir essa segurança, implantar um sistema de prevenção e combate a incêndio com 109 sensores espalhados pela igreja, interligados a uma central que pode disparar telefones celulares à distância. O monumento hoje é muito mais seguro”, disse Bruno Tavares, superintendente do Iphan da Bahia.
A restauração da Catedral Basílica de Salvador foi destaque no Jornal Nacional, da Rede Globo. Clique aqui e assista a reportagem!
Fonte: G1
Foto 1: Mario Vitor Bastos/Iphan
Foto 2: Mateus Morbeck