O Brasil tem configurado-se como um dos principais destinos para migrantes e refugiados, que buscam e encontram um novo lar e novas oportunidades de vida. Com a missão de oferecer acolhida e apoio social para novos recomeços, o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR), por meio do seu Projeto Acolhe Brasil, tem colaborado ativamente nas ações para interiorização de migrantes venezuelanos, considerado um dos fluxos migratórios mais intensos que o país viveu nos últimos anos.
Liderada pelo Governo Federal e executada com apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e da Organização Internacional para Migrações (OIM), a resposta brasileira – Operação Acolhida – tem contado com o suporte do SJMR, em vários estados. Desde o acolhimento nas regiões de fronteira, a instituição vem mobilizando paróquias e articulando parceiros e grupos da sociedade civil, em diversas localidades do país, organizando espaços e casas de acolhida que favoreçam a integração social e reinserção laboral de venezuelanos no Brasil.
Por meio das Casas de Acolhida e dos escritórios com atendimentos especializados para público migrante, o SJMR desempenha um papel fundamental nessa estratégia, disponibilizando apoio social e legal, além de iniciativas que garantam a integração dessas pessoas, resguardando seus direitos básicos, como a “não discriminação”, assistência jurídica e documental e acesso a serviços sociais, como educação e saúde.
À frente dos trabalhos no Brasil como Diretor Nacional, o padre jesuíta Agnaldo Júnior diz que o SJMR quer ser uma resposta na acolhida e integração aos migrantes mais vulneráveis e com maiores necessidades de proteção e assistência no Brasil. “Hoje, podemos dizer que a Província dos Jesuítas do Brasil, em sintonia com as preocupações apostólicas universais, conta com uma rede nacional de serviço ao migrante, em vários estados, por meio do Serviço Jesuíta aos Migrantes e Refugiados. As equipes atuam conjuntamente a muitas outras instituições, cada uma delas lidando com aspectos e fluxos migratórios bem diferenciados, buscando dar o melhor de si para prestar um serviço integral e de qualidade a essas pessoas”, diz.
Pe. Agnaldo também ressalta que, motivadas pelos quatro verbos sugeridos pelo Papa Francisco, em sua proposta para o Pacto Global da Organização das Nações Unidas para os Migrantes e Refugiados (acolher, proteger, promover e integrar), as ações realizadas são uma forma de resposta aos desafios postos pelos deslocamentos forçados de milhões de pessoas. “Nossa missão é promover e proteger a dignidade e os direitos da população migrante e refugiada mais vulnerável no Brasil, acompanhando seu processo de inclusão e autonomia e incidindo na sociedade para que reconheça a riqueza da diversidade cultural que a mobilidade humana possibilita”. Ele completou dizendo que se trata de defender e promover essas pessoas e mostrar à sociedade a dimensão positiva da migração, para não deixar que o medo e os mitos deem a tônica dos discursos e das nossas ações.
Projeto de Interiorização: redes de acolhida solidária
As experiências de interiorização organizadas pelo SJMR trabalham com a articulação múltipla de redes, parceiros e grupos locais, reunindo diversos atores que dialogam entre si, com o propósito comum de acolher e integrar venezuelanos que se encontrem em processo migratório no Brasil. A proposta quer também sinalizar caminhos para o processo de integração e acolhimento dos migrantes, como nos pede o Papa Francisco: “acolher, proteger, promover e integrar os migrantes e os refugiados”.
Com seis Casas de Acolhida espalhadas pelo país, a organização conta com a estrutura oferecida por diversos espaços solidários, em parceria com paróquias, organizações religiosas e da sociedade civil, onde o migrante venezuelano recebe atendimento multidisciplinar, alimentação e alojamento em espaços seguros, e atendimento psicossocial pelo período de três meses. Por meio dessa ajuda e acolhimento, 1114* pessoas já foram realocadas em 16 estados, inseridas à sociedade brasileira, e passaram a ter uma nova oportunidade para a reconstrução de suas histórias de vida.
“Diante de toda a circunstância que o país vive, deixar a Venezuela foi uma decisão muito difícil e importante. Nós fizemos todo o trajeto por terra e foi uma viagem muito longa e difícil. Tivemos que ser fortes e grandes para resistir, pois estávamos com crianças e uma idosa, que tiveram muita dificuldade durante o percurso. Quando conseguimos fazer nosso cadastro no SJMR foi todo um êxito. Isso nos possibilitou vir para a Bahia e receber essa ajuda maravilhosa. Hoje sentimos que estamos no paraíso, num lugar em que nos sentimos em paz, como em casa”, relatou emocionada Yorlyana Barrera Medina, que trabalhava num negócio próprio.
Além do apoio social por três meses, redes colaborativas e voluntárias ainda auxiliam na inserção no mercado de trabalho, no apoio para que os venezuelanos consigam suas residências definitivas e no recolhimento de donativos que serão repassados à população abrigada, em suas futuras casas.
“Por meio dessa articulação local e da responsabilidade compartilhada com vários parceiros, temos garantido a sustentabilidade do projeto em diversas partes do país. Também contamos com o suporte de organismos internacionais, como o ACNUR e a OIM e, ainda, apoio do Exército Brasileiro, no traslado e deslocamento. Além do apoio social e mediação para o trabalho, buscamos oferecer uma acolhida humanizada e fraterna”, comenta Pe. Agnaldo Júnior.
Segundo o Diretor Nacional, todas as ações também contam com o respaldo técnico dos escritórios do SJMR, localizados em cinco estados “Além de facilitar o acesso às políticas e aos serviços públicos brasileiros, a instituição oferece assistência para o aprendizado do português e cultura brasileira, elementos fundamentais no processo de integração”, ressalta.
* Dados de julho de 2019 – SJMR Brasil.
Fonte: SJMR Brasil