Em uma geração marcada por avanços tecnológicos, ritmo acelerado e, em certa medida, uma banalização dos afetos, como podemos alcançar o bem-viver? Na terceira live realizada pela Rede Servir para celebrar a história de vida e a espiritualidade de Santo Inácio de Loyola, o padre André Araújo trabalhou o tema Relendo afetos e construindo Projeto de vida. Mediada por Evenice Neta, que compõe a equipe do Centro MAGIS Inaciano da Juventude (CIJ), de Fortaleza (CE), a discussão proposta por mais de uma hora discorreu, principalmente, a função dos Exercícios Espirituais em um autoconhecimento profundo e na releitura de afetos necessárias para amar mais e melhor a cada dia.
Complementando as discussões anteriores sobre a espiritualidade no contexto da pandemia e sobre as Preferências Apostólicas Universais da Companhia de Jesus, a temática escolhida para fechar essa programação nos convidou a reler nossas próprias trajetórias a fim de conhecer melhor nossas motivações pessoais para que possamos em tudo amar e servir o Senhor.
No início de sua fala, Pe. André Araújo ressaltou a dificuldade de sermos uma presença de qualidade até para nós mesmos. O jesuíta dividiu com o público que, quando acompanha retiros, gosta de dizer que a primeira graça a ser pedida para começar os Exercícios Espirituais (EE) é a de ser presente para si mesmo, diante dos outros e diante do mistério a ser contemplado e meditado.
Segundo o padre, essa orientação vem do próprio Inácio, logo de entrada, na anotação número 5 dos EE: “a quem recebe os exercícios, muito proveito em entrar neles com grande ânimo e generosidade para com seu Criador e Senhor”. Para ele, essa ressalva indica um pouco do caminho a ser percorrido; fornece pistas. “É fundamental conhecer nossos próprios sentimentos, nossos afetos, sua dinâmica interna e como anda nossa disposição para lidar com eles. É de suma importância identificar, sobretudo por meio do exame espiritual diário, o que tem determinado nossos comportamentos e nossas ações, ânimo e generosidade, quando se trata de pensar em um projeto de vida que seja legítimo, coerente e sustentável”, disse.
O conselho do jesuíta é que peçamos a luz do Espírito Santo para reconhecer o que o Senhor quer realizar em cada um de nós. Para ele, esse é um bom começo para verificar, com os olhos da fé, as respostas que cada um dá a Deus, aos outros e a si mesmo.
A atividade também contou com a interação entre o palestrante e o público por meio de perguntas e respostas enviadas pelo chat. Ao responder uma das perguntas do público, Pe. André falou sobre os desafios de fazer os jovens se aprofundarem em projetos de vida enquanto a sociedade atual os convida a viverem de maneira superficial e desordenam seus sonhos. “Nós no Programa Magis temos exercitado a esperança nos jovens. O grande desafio de falar sobre a releitura de afetos é transformá-la de algo teórico em provocações concretas. Falar de projeto de vida sem ajudar os jovens a lerem as próprias vidas não pode ser feito. Não tem fórmula pronta, é caminho, levando o tempo que levar. Esse tem sido meu trabalho nos últimos anos. Ser mais não é simplesmente um projeto que colocamos nas estrelas e ficamos no meio do caminho sem conseguir vivê-lo”, ressaltou o jesuíta.
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