Após a recente reestruturação da Biblioteca Vaticana, os estudiosos receberam um espaço profundamente renovado após a entrega definitiva das obras, que começaram em 2008 (a primeira parte da reforma foi entregue em setembro de 2010). A racionalização dos percursos internos e dos instrumentos informáticos foram as principais mudanças e melhorias nesta segunda etapa. O livro La Biblioteca Apostolica Vaticana, publicado recentemente, não só explica esta nova realidade, como aprofunda o conhecimento de uma história que se desenvolve por quase meio milênio.
De fato, a Biblioteca Apostólica Vaticana é um conjunto de grandes bibliotecas, desde as antigas (os códigos da rainha Cristina da Suécia, a biblioteca dos príncipes do Palatinato) até as mais recentes (as bibliotecas Barberini, Borghese, Borgia, Capponi, Chigi, Ferrajoli, Ottoboni, Rospigliosi, ou ainda a coleção de livros e de documentos de Federico Patetta).
A Vaticana possui também arquivos inteiros medievais (os pergaminhos do arquivo do Capítulo de São Pedro, o arquivo de Sant'Angelo in Pescheria, Santa Maria in Cosmedin, Santa Maria in Via Lata), modernos (Barberini, Chigi, Salviati, Fuci), muitas vezes insólitos (Notai d'Orange), além das coleções de gravuras e de moedas, organizadas respectivamente pelo Gabinete das Gravuras e pelo Gabinete Numismático. Ao qual deve ser acrescentado, é óbvio, o enorme patrimônio de livros impressos.
História
A Biblioteca Apostólica Vaticana é a mais antiga biblioteca da Europa, mesmo não sendo a primeira biblioteca papal. Foi o primeiro núcleo de coleções pontifícias (religiosas), fundada por Nicolau V em 1450, com a herança das velhas bibliotecas dos Papas.
Em 1475, seu sucessor, Sisto IV, fiel ao espírito renascentista, decidiu permitir o acesso dos eruditos aos 2.524 textos santos e profanos ali reunidos. No começo, a biblioteca teve um caráter especial: era composta por Bíblias e trabalhos teológicos, mas especializou-se depois em trabalhos seculares, sobretudo, os clássicos em grego e em latim.
Atualmente possui mais de 8,3 mil incunábulos (livros impressos nos primórdios da imprensa, por volta do século XV), 150 mil códices manuscritos, 100 mil gravuras e desenhos, 300 mil moedas e medalhas e quase 20 mil objetos de valor artístico.
Alguns dos principais assuntos cobertos por essa biblioteca são: ciência, arte, Reforma Protestante e a Contra-Reforma Católica. Ciência, porque foi criada sob o influxo do Iluminismo, reunindo o entusiasmo dos eruditos pela arqueologia, com a nova consciência da história desenvolvida no século XVIII. Arte, pois incluía não apenas livros, mas também curiosidades e objetos de interesse artístico e científico. Por fim, religião, devido a participação dos Papas, com suas coleções particulares.
A estrutura das coleções é dividida por língua (grego e latim). Todos os manuscritos, nas várias coleções, são limitados em códices sequencialmente numerados. Um artigo em um codex é identificado corretamente pelo nome da coleção apropriada, da língua, do número e da folha ocupado pelo artigo.
Há também um sistema de identificação RFID, com chips, que visa reduzir os riscos de roubos e facilitar os trabalhos diários na biblioteca, como a revisão das salas, a organização dos livros nas estantes e a classificação de 1,7 milhão de obras.
Fonte: Rádio Vaticana