Sares e Ufam unidos pela Educação Popular

Em 06 de julho, o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares) reuniu-se com Núcleo de Estudo e Pesquisa de Educação Popular da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) com o objetivo de somar forças em torno de capacitar novos formadores em Educação Popular (EP) e Educação de Jovens e Adultos (EJA) nos bairros periféricos de Manaus (AM), sendo estabelecido um compromisso de cronograma para os próximos passos.

Concentrando esforços, neste primeiro momento, na prática pedagógica emancipatória de Paulo Freire, o encontro teve como inspiração uma das frases do educador, que dizia que, entre as várias formas de Educação Popular, todas compreendem a vida como luta pela vida e a tarefa dos intelectuais é dar força e “ensinar” aos grupos populares para que eles passem a transformar seu amanhã

Estiveram presentes à reunião, os professores Vera Barrero e Nilton Carlos, representantes do Fórum Estadual de Educação de Jovens e Adultos, Jocelia Barbosa Nogueira, do Neep (Núcleo de Estudos da Educação Popular), e Ana Grijó, uma das fundadoras do Núcleo, além dos representantes do Sares, Pe. Adriano Hahn, SJ, Coordenador, e Mercy Soares, Educadora Social.

Durante o encontro, destacou-se a importância da Educação Popular continuar a ser resistência diante de tantos desafios, principalmente em relação à precarização do ensino público, que, antes mesmo da Covid-19, já vinha sofrendo uma série de ataques e que se intensificaram na pandemia, com a expansão da curva da desigualdade de acesso a um ensino de qualidade no país.

Diversas atividades estão sendo desenvolvidas: rodas de conversas, “Café com Paulo Freire” e Fórum de Leitura Paulo Freire. Todas em prol da disseminação da ideia da Educação Popular, que compreende todo e qualquer ser humano como produtor de conhecimento, reconhecendo o contexto de cada estudante e respeitando a cultura, os conhecimentos populares, os valores e as habilidades individuais que todos trazem consigo.

Foram lembrados por Ana Grjjó, os grandes Seminários realizados na Ufam, tendo como temática Paulo Freire nas suas cinco pedagogias: do oprimido, da esperança, da autonomia, da indignação e da tolerância. Alguns mais marcantes que outros, contudo todos significativos para o processo de formação dos Educadores Populares. O “Educador Popular”, então, seria todo educador, profissional da educação ou não, trabalhando no sistema formal de ensino, ou nos movimentos sociais e nas organizações não-governamentais, mas sempre voltado para os interesses econômicos, políticos, sociais e culturais das camadas populares da sociedade.

Foi feito um destaque para o método Paulo Freire utilizado para a alfabetização de adultos e que tem sido adotado por algumas escolas que oferecem Educação de Jovens e Adultos (EJA) e por programas de alfabetização em cursinhos populares. Esse método foi aplicado pela primeira vez em 1963, na cidade de Angicos, sertão do Rio Grande do Norte.

Pe. Adriano, do Sares, informa que compôs uma canção com os princípios da Educação Popular. Os princípios em questão são: Diálogo; Construção compartilhada do conhecimento; Amorosidade; Problematização; Construção do projeto democrático e popular; Convivência não hierarquizada; e Emancipação. Ele ressaltou ainda que Paulo Freire criou e sistematizou três Momentos Pedagógicos, três momentos de aprendizagem: problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento. As atividades formativas realizadas pelo Sares contam com a parceria do Observatório de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (Olma).

Ao final da reunião conclui-se que, sim, a Educação Popular é importante porque reconhece as condições de vida, atua a partir da realidade, promove e organiza redes de apoio social, que, neste momento, são fundamentais. Outro ponto destacado pela conclusão foi  diferença entre Educação Popular e educação permanente: enquanto a primeira tem em vista a cidadania, a segunda tem como foco o trabalho. Em outras palavras, a Educação Popular é o caminho para uma educação humanizadora, que fortalece a criticidade e gera insurgência contra todo e qualquer tipo de opressão.

Como síntese propositiva para os caminhos que justificam a vigência da Educação Popular, relacionando os três pontos cruciais (a reinvenção da utopia e da esperança, a possibilidade de uma episteme do popular e a reordenação de outros mundos do trabalho), é perceptível que o trabalho em rede fortalecerá ainda mais a Educação Popular no Amazonas. 

O nosso próximo encontro do grupo ocorrerá em 20 de julho, quando serão levadas as seguintes propostas: público, lugares e quantidade das ações; e indicações de temáticas. Em outubro, a expectativa é desenvolver uma ação em uma comunidade periférica de Manaus, que poderá ser um “Café com Paulo Freire”.

Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares)

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