A Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime) convidou, em caráter de urgência, diferentes instituições e representantes para ver o que fazer diante dos sérios problemas enfrentados pelo Povo Warao, como fome e desnutrição. Foi relatado o caso de morte de uma criança indígena, além da falta de comida de muitos outros. Foi partilhado de que mal conseguem almoçar uma vez ao dia. O desemprego e a falta de oportunidades para trabalhar, devido a não existência de registros básicos, também agravam a situação do Povo Warao.
Estiveram presentes à reunião 21 representantes de diferentes instituições, entre elas, da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), do Ministério Público (MP), da Organização dos Indígenas Venezuelanos (Oivab), da Associação dos Notários e Registradores do Estado do Amazonas (Anoreg/AM), da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS-DUA), do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), do Povo Warao (principalmente da Cidade de Deus), um representante do Povo Apurinã e do Povo Sateré Mawé.
A conversa girou em torno das problemáticas dos registros e das dificuldades enfrentadas pelos indígenas sem documentação que entram no Brasil como estrangeiros. E, embora muitos até tenham formação superior, não são reconhecidos, o que dificulta o encontro de trabalho. Além disso, os indígenas querem algum documento que reconheça sua origem étnica.
Referente à questão da fome e subnutrição, a representante da Funai salientou que recentemente a instituição fez um imenso trabalho de entrega de cestas básicas, mas que esta não é propriamente a missão dela.
Os indígenas salientaram a importância de se organizarem, de formarem uma Associação, que encaminhará as demandas do coletivo para as diferentes instituições estatais. Também falaram da necessidade de conhecer e estudar a Constituição Federal brasileira. Ademais, que os conhecimentos poderão servir à sociedade brasileira e até ao Estado.
Sobre a questão da saúde, foi dito que muitos indígenas acabam desistindo de procurar um médico por serem discriminados. Neste quesito, a barreira da língua pesa bastante, pois há dificuldade de comunicação. A situação demonstra a necessidade de se ter médicos em lugares específicos que saibam falar a língua do povo para um atendimento mais qualificado – uma das representantes indígenas presentes à reunião é médica.
Como encaminhamento, as lideranças indígenas falaram com as instituições específicas presentes com o objetivo de tratar cada problema em particular – isto é, segundo a função e trabalho concreto de cada instituição. Por exemplo, os problemas de registro ficaram para serem tratados com a Anoreg/AM e as questões de saúde com a Semsa, e assim por diante.
Fonte: Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares)