O Papa Bento XVI elogiou nesta quarta-feira, dia 1º de novembro, a “sinfonia de figuras” da “genial” Capela Sistina, do Vaticano, ao assinalar os 500 anos da inauguração da abóbada pintada por Michelângelo entre 1508 e 1512. Na homilia da oração de primeiras vésperas de Todos os Santos, na Capela Sistina, o Papa fez notar que este espaço, visitado anualmente por uns 5 milhões de pessoas, é “ainda mais belo, mais autêntico, revela-se em toda a sua beleza” se for “contemplado em oração”.
Evocando o grande impacto e surpresa vividos pelos que participavam, a 31 de outubro de 1512, na celebração de Vésperas sob aquele esplendor de imagens e de cores da abobada pintada pelo grande pintor italiano e então descerrada pela primeira vez aos olhos de todos, Bento XVI observou que “não se trata apenas do sapiente uso da cor, rico de contrastes, ou do movimento que anima a obra-prima de Miguel Ângelo, mas sim da ideia que atravessa toda aquela grande abóbada:
“É a luz de Deus que ilumina estes frescos e toda a Capela papal. Aquela luz que com a sua potência vence o caos e a obscuridade para dar vida: na criação e na redenção. E a Capela Sistina narra esta história de luz, de libertação, de salvação, fala da relação de Deus com a humanidade”.
Perante estes frescos – observou ainda o Papa – “o olhar é levado a percorrer de novo a mensagem dos Profetas, a que se juntam as Sibilas pagãs na expectativa de Cristo, até ao princípio de tudo: “No princípio criou Deus o céu e a terra”.
“Com uma intensidade expressiva única, o grande artista desenha o Deus Criador, a sua ação, o seu poder, para dizer de forma evidente que o mundo não é produto da escuridão, do acaso, do absurdo, mas deriva de uma Inteligência, de uma Liberdade, de um supremo ato de Amor”.
História
A Capela Sistina começou a ser decorada já no século XV, nas paredes laterais, com frescos representando histórias de Moisés e de Cristo, além dos retratos dos Papas, trabalho executado por alguns dos maiores pintores do Renascimento italiano, como Pietro Perugino, Sandro Botticelli, Domenico Ghirlandaio e Cosimo Rosselli.
Foi em 1508 que a decoração do espaço de 1100 metros quadrados foi confiada em 1508 a Michelângelo por Júlio II, Papa entre 1503 e 1513, que assinalou o final da obra com o rito solene das vésperas de todos os Santos, há 500 anos.
“Podemos imaginar que o efeito [do teto] sobre os que o viram completo, pela primeira vez, terá sido verdadeiramente impressionante”, disse o atual Papa. Bento XVI observou que nos frescos se percebe uma luz “que não vem só do uso sábio da cor, rica de contrastes, ou do movimento que anima a obra-prima de Miguel Ângelo, mas da ideia que percorre a grande abóbada: é a luz de Deus”.
A Capela Sistina deve o seu nome a Sisto IV (Papa de 1471 a 1484), que, a partir de 1477, promoveu obras de restauro da antiga Capela Magna. No século seguinte, Júlio II, sobrinho do Papa Sisto, decidiu modificar parcialmente a decoração do teto, entregando a tarefa a Miguel Ângelo, que pintou a abóbada e a parte alta das paredes com cerca de 300 figuras.
Fonte: Rádio Vaticana