A escolha da futura carreira profissional é um tema que sempre preocupa pais e educadores. Quantas vezes, ao conversar com nossos filhos, nós os questionamos sobre o que pretendem ser quando crescerem. Muitos respondem com convicção, mas há aqueles que não fazem a mínima ideia de que tipo de carreira vão escolher.
Quando os jovens ingressam no Ensino Médio, as tendências para a escolha de alguma profissão começam a manifestar-se um pouco mais objetivamente. Quando, enfim, chega o momento de ingressar na universidade, para muitos jovens, pode ser o início de um drama. Primeiramente, quanto à escolha do curso, e, depois de feita a escolha, em relação a sentir que a opção foi a mais acertada. Caso a primeira escolha não tenha sido satisfatória, a solução é procurar outra opção de curso.
Muitos pesquisadores têm analisado as causas das desistências e das reescolhas dos jovens que percebem que sua opção inicial não foi boa. O jovem, ao optar por um curso superior, está preparando-se para um trabalho ou emprego específico e nele investirá toda sua vida. Se esse trabalho é o que idealizou, será feliz, pois estará realizando-se, e a sociedade também será beneficiada por ter um profissional que está satisfeito e feliz com o que faz.
Agora, imaginemos o contrário, ou seja, um profissional que não se sente realizado com o curso que escolheu e/ou com o trabalho que está fazendo. A consequência é prejudicial para si próprio e para a sociedade. Nesse sentido, é importante que os pais e os educadores conversem, reflitam e orientem seus filhos acerca das opções profissionais e das consequências que advirão para a sua vida futura. Além disso, o jovem precisa saber para quais atividades profissionais o curso que ele escolheu realmente dá formação.
É certo que a satisfação em fazer o que se gosta nem sempre é possível numa sociedade competitiva, haja vista que as vagas são restritas. Exemplos dessa situação são referentes àqueles jovens que querem fazer Medicina, mas que, considerando o número restrito de vagas, veem suas chances reduzidas. A consequência disso é que esses jovens não poderão realizar seu sonho. Essa situação acontece também em outras áreas que são muito competitivas, o que impede que os jovens possam investir sua vida num curso considerado ideal para a sua realização profissional.
Por outro lado, encontramos jovens que, após frequentarem, por um determinado tempo, cursos de alta demanda, podem vir a desistir. Um jovem que estava no último semestre de Odontologia assim explicou porque estava desistindo de seu curso e optando pelo curso de Ciências Sociais: “cada área tem seus pressupostos inquestionáveis, sejam eles ideológicos, científicos ou sociais. Se você não compartilha de tais pressupostos, fatalmente não vai conseguir se manter no curso até o fim”.
O depoimento desse jovem revela que a escolha de um determinado curso não deve se basear no status ou no prestígio social da carreira. Importa, sim, que o curso possibilite a formação adequada para o profissional poder desempenhar sua função com dedicação e competência. O que conta decisivamente na escolha da carreira mais adequada é um conjunto de fatores, entre os quais se sobressaem o discernimento e a clareza, construídos a partir de informação e reflexão, num contexto em que pais e professores dialoguem e discutam o futuro dos jovens em todas as dimensões, tais como a satisfação pessoal, a realização profissional e a responsabilidade social. É importante saber que a realização e a satisfação pessoais vão processar-se de modo interativo entre o bem que se vai fazer às pessoas através do trabalho e a satisfação que isso traz para o próprio profissional.
Lucinéia Aparecida Guarezi Mengarda — Orientadora Educacional
Colégio Catarinense
Fonte: Revista Conviva —Ano XVI – Nº 60/ Setembro de 2012