Imagine ficar quase dois meses em alto mar com os melhores cientistas, explorando a história e estrutura da Terra registrada em sedimentos e rochas do fundo do mar, e monitorando ambientes da subsuperfície. É exatamente isto que o doutorando em Geologia na Unisinos, Rodrigo do Monte Guerra (foto), vai fazer. Junto com um grupo de especialistas, o pesquisador vai ser o primeiro gaúcho a participar de uma expedição do IODP (Integrated Ocean Drilling Program), programa internacional de investigação marinha que iniciou na década de 60 e, hoje, é apoiado por 26 países.
Natural de Carlos Barbosa, Rodrigo viaja no fim de julho deste ano. Dia 29/7 o navio sai do Alasca e vai até o Mar do Japão, que fica entre o Império do Sol Nascente e a Coreia do Sul. “São 15 dias de viagem e ficamos mais um mês e meio trabalhando”, destaca. O retorno está programado para 29 ou 30/9, de avião. Em território estrangeiro, o doutorando vai praticar o que está estudando para a sua tese. “Vai ser feita a perfuração do assoalho oceânico, recuperação da rocha que está no fundo do mar e análise. O meu grupo vai examinar os nanofósseis calcários, que vão indicar a idade dela, quantos mil ou milhões de anos atrás esse sedimento se depositou e agora virou rocha”, explica.
Programa de ponta
O navio que levará o grupo de pesquisadores é todo equipado. Além dos laboratórios, conta com academia e cinema, por exemplo, afinal, serão cerca de dois meses em alto mar, com 12 horas diárias de trabalho. Mas não é apenas o navio que é de ponta. A expedição é referência no que faz. “Ela é fantástica. É uma experiência internacional e científica das mais renomadas do mundo, com pessoas de conhecimento internacional”, ressalta o professor de Paleontologia Aplicada do doutorado em Geologia da Unisinos, Gerson Fauth.
Faz pouco tempo (dois anos) que o Brasil passou a fazer parte das nações que subsidiam o IODP. Hoje, o país investe pesado na expedição e tem direito de mandar dois brasileiros em cada uma. Como é a segunda que participará, Rodrigo será, junto com outro pesquisador, o quarto brasileiro a ir, mas o primeiro da área de Micropaleontologia. “Eu me cadastrei no site da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) na parte de ensinamento estratégico, que é onde estão esses programas. Sabia que iriam precisar de uma pessoa que trabalha com o que estudo, os nanofósseis calcários. A minha chance era grande, pela escassez de pesquisadores na área. Um mês depois, recebi e-mail confirmando minha seleção”, detalha Rodrigo.
Fonte: Unisinos