
O Centro Cultural de Brasília (CCB) sediou, na última segunda-feira, 27 de outubro, o Encontro do Balanço Ético Global (BEG), promovido pelo Observatório Dom Luciano Mendes de Almeida (Olma) e pelo Núcleo de Ecologia Integral (NEI). A atividade, realizada em preparação à COP30, reuniu lideranças religiosas, acadêmicos, ativistas e representantes da sociedade civil em um espaço plural de diálogo sobre ética, espiritualidade e crise climática. Inspirado pela proposta da ONU e da Presidência da COP30, o encontro buscou refletir sobre a responsabilidade pessoal e coletiva diante das crises socioambientais e sobre as mudanças necessárias para garantir o futuro da Terra.
A abertura do evento foi marcada por uma mística de acolhida e um vídeo de sensibilização, seguidos por uma introdução metodológica que conectou espiritualidade e compromisso ético. Inspirados em autores como Anthony de Mello e na espiritualidade inaciana, os participantes refletiram sobre a espiritualidade como “fogo interior” que anima o agir ético, e sobre a ética como prática do amor, da compaixão e da justiça. Essa dimensão espiritual foi apresentada como base para o enfrentamento da crise climática, entendida não apenas como desafio técnico, mas como crise de sentido e de valores humanos.
As discussões temáticas abordaram temas centrais como financiamento climático, transição energética, justiça intergeracional, proteção da Amazônia e combate à desinformação. As falas convergiram na crítica à supremacia do econômico sobre o social e ao “greenwashing” praticado por grandes corporações. O debate também trouxe à tona a importância dos saberes ancestrais e das práticas comunitárias como caminhos para uma transição justa, reconhecendo o papel histórico dos povos originários e de suas cosmologias na construção de uma ética planetária. Os temas da água, da alimentação e da educação também ganharam a centralidade no encontro.
O encontro destacou-se ainda pela diversidade do público participante, formado majoritariamente por mulheres, com representações significativas de participantes de grande pluralidade nas tradições espirituais contando com pessoas católicas, protestantes, espíritas kardecistas, de matrizes africanas, vaishnavas, ecumênicas e laicas. O que reflete o compromisso com o diálogo inter-religioso e o respeito à diversidade espiritual como fundamento ético para o cuidado da Casa Comum.
Entre as falas inspiradoras, destacou-se o chamado ao “esperançar”, verbo que, segundo os participantes, traduz a ação transformadora necessária para reconstruir a relação entre humanidade e natureza. Foram evocadas referências de Margaret Mead, Papa Francisco e Ariano Suassuna, reforçando a importância da esperança ativa e do “realismo esperançoso” frente aos desafios climáticos. Tratou-se também da economia ecológica como alternativa concreta ao modelo de crescimento ilimitado, enquanto outras falas ressaltaram a educação e a espiritualidade como motores de uma mudança ética e civilizatória.
Encerrando a noite, a rodada de esperanças e proposições reafirmou o compromisso coletivo com uma espiritualidade voltada à transição ecológica justa, ao cuidado dos pobres e à defesa da vida. Inspirada pelo lema inaciano “Ite, inflammate omnia” — vai e inflama tudo —, a síntese final expressou a convicção de que a verdadeira transformação nasce do encontro entre ciência, fé e sabedoria ancestral. O Balanço Ético Global em Brasília consolidou-se, assim, como um marco de mobilização ética e espiritual rumo à COP30 e a Cúpula dos Povos, convocando cada pessoa a agir pelo futuro comum da Terra.
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