Roberto Jaramillo, SJ
Secretário SJES/Roma
Nunca antes tivemos tanta consciência da degradação da vida no planeta e da necessidade de agir juntos para salvá-la. As ameaças se intensificam cada vez mais com os regimes políticos que imperam em tantos lugares do mundo, centrados na acumulação de capital e interesses comerciais, e que ignoram ou negam a grave situação em que vivemos. Até agora, as consequências têm afetado principalmente as populações mais vulneráveis e do sul global, mas já são sentidas também nos países do norte.
A quarta Preferência Apostólica Universal nos lembra que «colaborar com o cuidado da Casa Comum» faz parte do nosso carisma e nossa missão. Os resultados da pesquisa realizada no segundo semestre de 2024 sobre os frutos da quarta Preferência Apostólica Universal – que esperamos compartilhar em breve – indicam que a resposta da Companhia de Jesus por meio de suas diversas instituições e comunidades tem sido generosa e criativa. Baseados nesta vocação (vida-missão), animados pelo Secretariado de Justiça Social e Ecologia (SJES) em Roma, queremos colaborar entre nós e com muitas outras entidades da Igreja e da sociedade civil com as quais compartilhamos objetivos comuns, para estar presentes na COP 30.
Nosso esforço se concentra em três desafios fundamentais:
1. Cancelar a dívida dos países em desenvolvimento e fortalecer o fundo de compensação por perdas e danos.
2. Acelerar a assinatura de acordos e estabelecer metas para uma transição energética justa que reduza as emissões de CO2.
3. Estabelecer objetivos concretos para avançar em direção a um Sistema Global Sustentável de Soberania Alimentar baseado na agroecologia.
A COP 30, que será realizada em novembro de 2025 em Belém do Pará (Brasil), reúne oficialmente representantes governamentais dos Estados membros da ONU que são «partes» no Convênio-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática de 1992 (UNFCCC). Na chamada ‘zona azul’ participam negociadores e representantes, mas também pessoal diplomático, representantes da ONU, jornalistas, cientistas, dirigentes sindicais e de organizações não governamentais, empresários, ativistas, líderes indígenas, representantes de igrejas, etc. Na ‘zona verde’, as atividades públicas são realizadas fora do recinto onde se reúnem os negociadores e lobistas, por meio de conferências, discussões acadêmicas, debates, marchas, celebrações, etc.; é a zona pública, para a qual não é necessária uma acreditação especial. No entanto, trata-se de uma participação importante, já que exerce pressão social e influencia o que acontece na zona azul.
Os jesuítas temos dois grupos que trabalham de forma progressiva e sincronizada: por um lado, está a comissão no Brasil nomeada pelo Padre provincial para animar e organizar a participação na província (especialmente na zona verde), coordenada pelo reitor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro; por outro lado, há um comitê formado pelo SJES que, no âmbito da Rede Ignaciana Global de Advocacy de Ecologia Integral (GIAN-IE), é responsável por animar e organizar nossa participação, preparar/profundizar os três objetivos mencionados anteriormente, desenvolver um processo de informação e sensibilização ad intra e ad extra da Companhia, participar em Bonn (pré-COP em junho de 2025) e em Belém do Pará no mês de novembro.
Com esta comunicação iniciamos esse processo e queremos convidar todos os jesuítas e, em geral, todos os membros do corpo apostólico (leigos e outros religiosos) a se envolverem e participarem. Nas próximas semanas será lançado o órgão de comunicação (site e kit de mídia/redes sociais) para divulgar informações e acompanhar nossas atividades na Pré-COP30, na COP30 e na Pós-COP30.
Convidamos todas as instituições jesuítas acreditadas junto à ONU ou à COP (centros sociais e universidades), bem como os membros do corpo apostólico que estão preparando sua participação na COP 30, a unirem esforços e entrarem em contato conosco: unidos poderemos multiplicar o impacto de nossas iniciativas e nossa presença.