Foi a partir de uma perspectiva de esperança e perseverança que aconteceu, no dia 24 de junho, mais um encontro do ciclo Rezar com os Místicos. Com o tema A desolação nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, a atividade promovida pelo Centro de Promoção dos Agentes de Transformação (CEPAT), com o apoio do Instituto Humanitas Unisinos (IHU), contou com a assessoria do padre Luís González-Quevedo, conhecido como padre Quevedinho.
Durante o encontro, os presentes refletiram que diante da atual conjuntura brasileira, com as inúmeras problemáticas comuns e pessoais, a inclinação humana aos sentimentos de incerteza, inquietação e desamor pode levar a uma situação de letargia. E, embora sejam momentos difíceis, é possível buscar no sentido mais profundo da vida o fogo que aquece a alma humana e revigora a partir de um sentido místico.
Existem várias visões e compreensões da mística, como lembrou padre Quevedinho. Entre elas, recordando as contribuições do teólogo jesuíta João Batista Libânio, contamos com a mística cristã da libertação. A experiência de Deus é libertadora, faz com que o ser humano seja acolhido na paternidade/maternidade divina. Por isso, jamais pode ser inferiorizado em sua autoimagem, como filho de Deus. É dessa experiência libertadora que também brota do compromisso evangélico com os pobres. “Um cristão que despreza os pobres é uma contradição”, conforme destacou padre Quevedinho.
Toda essa descoberta é resultado de um processo de abertura humana ao Amor de Deus. Nesse sentido, apesar de muitas vezes lidar de forma ideológica, a tradição cristã carrega consigo verdadeiros tesouros, capazes de transmutar o sentido da desolação humana, libertando homens e mulheres da falta de horizontes e do estreitamento de suas possibilidades.
O método dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio é um dos tesouros da tradição cristã. Inácio nos deixou uma metodologia de oração e encontro com Deus que partiu de sua própria experiência. Deixou-nos meios que podem ser alcançados por qualquer pessoa que manifeste o desejo de buscar a Deus, bastando acreditar que Ele nos fala na oração.
Durante o encontro, porém, apresentou-se a problemática de que, no momento da desolação, a tendência humana é a de atribuir a Deus a iniciativa de se afastar de sua vida e de seus problemas. Padre Quevedinho fez algumas recomendações para quando nos depararmos com momentos de desolação: não tomar nenhuma decisão, já que o ser humano fica propenso a ser dirigido pelos maus conselhos e tentado a se desviar de seu propósito de vida; reagir firmemente contra a desolação, insistindo no encontro com a sua própria verdade interior, valendo-se da oração e meditação; cultivar o pensamento positivo, não caindo na tentação de se enredar por falsas ideias e sentimentos a respeito do que se está vivenciando; perseverar na paciência ativa, confiante em Deus; e manter a esperança, acreditando que é possível superar as adversidades.
Embora em nada seja fácil, a desolação também pode ser vista como uma oportunidade de conversão, a partir do reconhecimento de nossa fraqueza. Momentos de desolação propiciam o sentimento de humildade, pois fazem enxergar que a consolação é graça de Deus.
Clique aqui e confira a íntegra do texto produzido por Jonas Jorge da Silva, do CEPAT.
Fonte: Centro de Promoção dos Agentes de Transformação – CEPAT
Foto: Ana Paula Abranoski/CEPAT