Na busca por alternativas ao uso do amianto na construção civil, setor em expansão no Brasil, um grupo de estudantes de Engenharia Química da FEI desenvolveu um projeto sobre a utilização de bagaço de cana-de-açúcar em substituição ao amianto, na fabricação de telhas. Os resultados dos testes realizados com a incorporação do resíduo agrícola à matriz do cimento foram satisfatórios e apontam uma possível opção sustentável, eficiente e econômica para a crescente demanda da construção civil. Em relação a outros estudos semelhantes, o da FEI não apresenta nenhum impacto ambiental.
Banido em mais de 60 países, o amianto ainda é usado no Brasil, na área da construção – o país está entre os cinco maiores produtores, consumidores e exportadores de amianto do mundo. Seis estados, no entanto, já têm leis proibindo o amianto, classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no grupo principal de substâncias cancerígenas. Segundo a OMS, 125 milhões de pessoas estão expostas ao produto em todo o mundo e 107 mil morrem anualmente de doenças associadas ao amianto.
Segundo a aluna Jéssica Martins, os testes mostraram que a telha construída com fibra de bagaço de cana (composta por polímeros naturais) é mais resistente à água do que as telhas comuns, feitas com amianto, por apresentar menor taxa de absorção de água. “Desenvolvemos um fibrocimento que também demonstrou maior resistência no teste de flexão – aplicação de força – realizado com blocos de concreto, salientando que os resultados foram comparados com testes realizados diretamente com as telhas. Muitas indústrias já estão utilizando fibras naturais como alternativa ao amianto. Nosso objetivo é viabilizar mais uma opção sustentável para a construção civil”. Ainda é necessária a realização de mais estudos de viabilidade comercial e testes específicos para a aplicação em telhas.
De acordo com a professora orientadora do projeto, Fernanda Rossi, já existem estudos que propõem a utilização das cinzas do bagaço de cana-de-açúcar. O trabalho dos formandos da FEI não exige a queima do material – o bagaço de cana passa apenas por um tratamento simples com vapor de água para remover o excesso de açúcar – por isso, não gera nenhum tipo de resíduo, nem agride o meio ambiente. O projeto foi apresentado no INOVA FEI 2013, evento que expôs os trabalhos de conclusão de curso de Engenharia Química, entre outras áreas, no campus São Bernardo do Campo, em dezembro.
Fonte: FEI