A Basílica do Bom Jesus, em Goa, Índia, é um dos cartões postais do cristianismo na região. Em seu interior estão os restos mortais de São Francisco Xavier, o primeiro jesuíta a chegar a Goa. A igreja é também a primeira basílica menor da Índia e é considerada um dos melhores exemplos da arquitetura barroca no país.
Em seu blog, o colunista Ricardo Noblat, do O Globo, ressalta as belezas arquitetônicas da igreja que atrai turistas do mundo inteiro. Confira uma parte do texto abaixo:
A Companhia de Jesus chegou a Goa, Índia, em 1542. São Francisco Xavier e seus companheiros jesuítas encontraram ali uma pequena capela que reformaram para nela instalar um colégio-seminário (Colégio São Paulo) destinado à formação de clérigos indianos e uma escola de medicina. Hoje, desse colégio, só resta o portal.
Em 1594, os jesuítas decidiram ampliar seu seminário, assim como a escola apostólica e a escola de medicina. Para isso precisavam de mais espaço. Começaram então a construir a bela Igreja do Bom Jesus. Em um de seus pilares podemos ler a inscrição: “Construção iniciada em 24 de novembro de 1594. Consagrada em 15 de maio de 1605”.
A planta obedece ao desenho da Chiesa del Gesù, em Roma, e como nessa impressionante igreja, o monograma IHS é proeminente em sua elegante fachada barroca (detalhe acima, visto do Cruzeiro). Entre as duas, a del Gesù romana e a basílica em Goa, há apenas dez anos de diferença.
A fachada, em granito, obedece a estilos diferentes num conjunto muito harmonioso com quase 19 m de altura. O altar-mor apoiado em colunas de basalto, mede 16m x 9m. A nave é muito bem iluminada e seu interior inspira o silêncio.
Ao contrário de informação largamente difundida, a Basílica não foi construída para receber o corpo de São Francisco Xavier. O santo faleceu numa viagem missionária a caminho da China, em 1552. Em 1553, foi levado para o pequeno Colégio São Paulo, aquele primeiro noviciado fundado por ele em Goa. Foi somente em 1624 que seu corpo, num sarcófago em prata lavrada, foi transferido para a Igreja do Bom Jesus.
Mas foi em 1698 que o mausoléu onde repousa o santo tomou sua forma definitiva, graças a Cosme III, grão duque da Toscana, que enviou o mármore e os artistas de sua escolha para erguer o monumento que pode ser visto dentro da Basílica do Bom Jesus (abaixo).
Mas nem tudo correu sem percalços. Quando o Marquês de Pombal, em sua luta contra a influência da Igreja Católica expulsou os jesuítas de Portugal, aos de Goa foi ordenado que regressassem a Portugal, o que aconteceu em 1760. Em 1773, a Companhia de Jesus foi supressa pelo papa Clemente XIV. Em 1814, o papa Pio VII restaurou a Ordem, mas eles só foram autorizados a voltar a Goa em 1933.
Em 1952, no 400º aniversário da morte do santo, o cortejo de peregrinos foi de tal ordem que o Patriarca de Goa decidiu que não era mais possível permitir que o caixão em prata fosse aberto para que os restos mortais do santo fossem vistos. O caixão de prata recebeu uma urna em cristal que não pode ser aberta.
Em 1956, a Companhia de Jesus recuperou seus bens em Goa, a Igreja do Bom Jesus inclusive. Dada à importância nacional e internacional das peregrinações, com cada vez mais fiéis buscando rezar junto ao mausoléu, o papa Pio XII se rendeu e elevou a igreja a Basílica do Bom Jesus.
Abaixo, o conjunto formado pela Basílica e pela Casa Pastoral dos Jesuítas, uma das heranças muito bem conservadas em Goa.
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Fonte: oglobo.globo.com/pais/noblat