“São 25 anos de um sonho bom. Um sonho que começou com o padre belga Freddy Servais, sociólogo jesuíta, e com um grupo de jovens universitários. A partir da observação da realidade das crianças matriculadas em escolas públicas de Belém (PA), esse belo projeto começou”, relata o padre Plutarco de Souza Almeida, que já atuou como coordenador geral do CAC (Centro Alternativo de Cultura).
Em novembro de 2016, o CAC completa 25 anos de atuação na periferia da capital paraense. Segundo padre Plutarco, a inspiração de padre Freddy para criar o projeto surgiu depois que uma pesquisa constatou os altos índices de repetência escolar das crianças. “Elas não conseguiam obter um rendimento suficiente. Então, a ideia era ajudá-la a fim de que, em primeiro lugar, não abandonassem a escola e depois conseguissem um melhor aproveitamento nos estudos. Todo o trabalho deveria ser baseado na parceria com as famílias e a comunidade”, conta o jesuíta.
Assim, o voluntariado foi uma das bases que sustentariam o CAC e suas iniciativas em educação popular. “Muitas lideranças comunitárias se engajaram de diversas formas, desde o acompanhamento escolar das crianças até o compromisso das mães que cuidavam da merenda, da limpeza dos locais e de outras atividades de apoio”, afirma padre Plutarco, que ressalta que nessa época não se falava tanto em ‘parceria’ e ‘voluntariado’. “De certa forma, o padre Freddy e o seu grupo foram visionários, pois deixaram para trás o velho assistencialismo e apostaram em outra forma de fazer ações sociais transformadoras realmente. Foram estas bases sólidas que sustentaram o CAC até hoje, bases tão sólidas que mesmo nos piores momentos de sua história a instituição nunca interrompeu os seus projetos”, completa.
Entre 2014 e 2015, padre Plutarco teve como missão coordenar o CAC, que havia passado por algumas mudanças. “Foi um período difícil, com muitos desafios e algumas incertezas, mas, ao mesmo tempo, extremamente rico de possibilidades. Novos horizontes se abriram a partir de uma reestruturação na área pedagógica. A comunidade da Capela de Lourdes foi convidada mais uma vez a aderir ao projeto e aquela grande corrente de amor e de solidariedade aconteceu. Os recursos financeiros necessários para a manutenção dos projetos começaram a surgir com a recuperação do grupo de contribuintes mensais. As campanhas Kit escolar e do Cofrinho, além da criação do Café do CAC, que acontecia aos domingos, após a missa, deram ao CAC alguma estabilidade financeira”, explica.
“O sonho do padre Freddy e dos seus jovens visionários ainda não acabou. Enquanto houver criança fora da escola e sem perspectiva de crescimento humano, o sonho ainda sonhará tornar-se realidade.”
Padre Plutarco de Souza Almeida
Após esse período, o CAC conseguiu formar uma boa equipe pedagógica e um grupo de apoio. “Graças a essas equipes e, sobretudo, ao apoio da comunidade da ‘Capelinha’, como é conhecida a igreja dos jesuítas em Belém, o CAC surpreendeu. Sim, o CAC não somente permaneceu de pé, mas cresceu. Ampliamos o número de núcleos de 7 para 16 comunidades e alcançamos o município de Barcarena (PA). Saltamos de mais ou menos 200 crianças atendidas para mais de 600 no final de 2015. Nesse período, a instituição consolidou uma base financeira relativamente sólida. Além disso, consolidou a sua imagem como uma das melhores instituições de educação popular do Estado do Pará. Prova disso foi a elaboração do seu Projeto Político Pedagógico – PPP que teve enorme repercussão no meio acadêmico resultando no convite, em 2014, para participar da programação oficial de seminários da Feira Panamazônica do Livro em Belém (PA)”, afirma.
No CAC, além do reforço escolar de português, matemática e leitura, as crianças recebem material didático e merenda de qualidade. Os jovens também participam de atividades artísticas. “O sonho do padre Freddy e dos seus jovens visionários ainda não acabou. Enquanto houver criança fora da escola e sem perspectiva de crescimento humano, o sonho ainda sonhará tornar-se realidade. Agora, são 25 anos de sonho, de sonho bom, esperando o amanhã feliz da justiça e da paz para todas as crianças”, conclui padre Plutarco.
Fonte: BREVES BRA e Informativo Em Companhia (19ª Edição/Outubro de 2015)