Centro Loyola PUC-Rio promove palestra sobre filme

Se Deus existe e é bom, por que permite o nosso sofrimento? Essa é uma das perguntas centrais do livro A Cabana e de seu filme homônimo, lançado em abril desse ano. E é também uma das questões abordadas na palestra promovida pelo Centro Loyola de Fé e Cultura PUC-Rio, no dia 26 de abril.

O doutor em Teologia, pós doutor em Literatura e diretor do Instituto Interdisciplinar de Leitura da PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), professor Alessandro Rocha, a pesquisadora da Cátedra Unesco de Leitura e professora adjunta do Departamento de Letras da PUC-Rio, Eliana Yunes, e o diretor do Centro Loyola, padre José Maria Fernandes, compartilharam suas impressões acerca da simbologia que traz o filme e como as imagens são importantes, trazendo novas análises sobre o conteúdo do livro.

A obra conta a história de um pai deprimido (Mack) e atormentado pelo desaparecimento e provável assassinato de sua filha, que anos depois recebe uma carta de Deus convidando-o a voltar ao lugar onde o crime aconteceu. Lá, ele se depara com uma outra visão da Santa Trindade que irá leva-lo a confrontar seus medos, redescobrir o amor e o perdão e reconciliar-se com Deus.

Yunes trouxe para a palestra a questão de como a arte e a ficção ponderam possibilidades de entendimento daquilo que, às vezes, a cultura na qual se está inserido não permite enxergar. A outra dimensão da realidade não é negativa, nem positiva, é apenas outra maneira de se ver, é um descortinamento. E a arte só faz sentido quando é vista. O filme faz das pessoas coautoras de seu próprio sentido. O entendimento se conclui na cabeça do espectador e isso leva a diferentes interpretações.

Segundo os palestrantes, a escolha dos personagens também é significativa. Rocha conta que a imagem que se tem de Deus no imaginário é a de um homem, senhor de mais idade, barbudo e elegante. Colocar a atriz Octavia Spencer, mulher, negra, gorda e aparecendo para Mack pela primeira vez na cozinha é uma forma de “quebra de monopólio imaginário” e “libertação das metáforas” que reforçam a ideia de um Deus juiz, belicoso, que causa temor e medo. E é exatamente isso que Jesus, ao vir como filho de Deus, chamando-o de pai, desconstrói. Chamar Deus de Pai – e também colocá-lo como mulher – recria a imagem de Deus e permite a recriação do próprio mundo a partir dessa imagem.

Pe. Fernandes reforçou a noção que o filme transmite: Deus é amor. Todos os questionamentos que podem vir à mente, as dúvidas sobre o sofrimento, sobre Deus permitir a dor, tudo isso leva ao entendimento, no fim do filme, de que Ele não pode agir fora do amor, um amor que traz um sentido maior da vida, que traz esperança. Rocha complementa sobre a ideia de mal e sofrimento. Ou Deus é bom ou Deus é potente? Na verdade, projetamos Nele nossa vontade de justiça contorcida em vingança, mas a dor individual não é todo o sofrimento do mundo. Deus não pode escolher entre seus filhos assim como Mack não pode escolher entre os dele em uma de suas etapas de autoconhecimento e superação. O filme discute o mal pela via mais longa, sem a simplificação de que coisas ruins acontecem porque “Deus quis assim”.

A palestra completa pode ser assistida na página do Facebook do Centro Loyola no link: http://bit.ly/2qJwQam

 

Fonte: Centro Loyola de Fé e Cultura PUC-Rio (Rio de Janeiro/RJ)

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