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CEPAT promove debate sobre democracia

O CEPAT (Centro de Promoção de Agentes de Transformação), em parceria com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU e o Núcleo de Direitos Humanos da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), promoveu o segundo encontro do Ciclo de Debates e Vivências Juventudes, Direitos Humanos e Democracia. Com o tema Juventudes e democracia, o evento reuniu estudantes do Colégio Estadual Santos Dumont, na periferia de Curitiba (PR), no dia 10 de abril. A oficina foi mediada pelos educomunicadores do coletivo Parafuso Educomunicação, Diego Henrique da Silva, Juliana Cordeiro e Paula Nishizima.

No primeiro momento do encontro, foram exibidas fotos representativas do exercício democrático e, ao mesmo tempo, da violência exercida pelo Estado contra a população. Trabalhou-se a partir da problematização de temas já abordados no encontro anterior, redimensionando seus aspectos: democracia, mito da democracia racial, papel da mídia, participação social das juventudes, etc.

Neste contexto, os adolescentes e jovens foram instigados a escrever palavras-chave sobre algum sentimento, lembrança ou reflexão que aquela foto despertou, fazendo com que se manifestassem por escrito e, em seguida, colocassem em debate suas impressões. As duas questões centrais lançadas para este momento foram: O que a situação retratada na foto tem a ver com democracia? Como ela se relaciona comigo, com a minha cidade, com o meu País?

Surgiram falas a respeito do racismo em diversas situações vivenciadas pelos participantes. É possível perceber que o racismo marca algumas histórias daqueles adolescentes e jovens, somado à desigualdade social.

Para a educomunicadora Juliana, muitas pessoas vivem situações de racismo e acabam nem percebendo. “Essas situações acontecem na infância, em sala de aula, com os apelidos pejorativos lançados pelos colegas, ouvindo piadas ou histórias distorcidas do processo de escravização contadas nos livros escolares”, ressalta.

O Brasil tem uma história de desigualdades sociais e de exclusão que se une a uma realidade mundial de exclusão de grupos sociais. As juventudes são um dos grupos mais atingidos e enfrentam diversos desafios na sociedade contemporânea. Todos os jovens passaram a ter medo do futuro, principalmente sendo um jovem negro. Neste cenário, devemos abordar todas as diferentes juventudes e suas questões sociais e raciais, suas questões de gênero e opções/orientação sexual.

Neste cenário, os jovens negros da periferia compõem o grupo de maior vulnerabilidade, sendo os mais atingidos e assassinados.  Um estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que jovens e negros são as principais vítimas de violência no País. De acordo com o estudo, a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.

Políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes deveriam ser prioridade no orçamento público, mas não é o que vemos. A família, a sociedade e o Estado devem garantir os direitos desta população, mas a posição do Estado nesta política é retrógrada e conservadora. Infelizmente, jovens são criminalizados e rigorosamente punidos, quando, na verdade, deveriam ser estimulados a desenvolver suas potencialidades como cidadãos de direito.

Lamentavelmente, a falta de perspectiva dos mais jovens levam ao bloqueio de sua potencialidade e possibilidades de mudanças. Trata-se de algo que, aos poucos, precisa ser revertido em favor de alternativas viáveis para os adolescentes e jovens, que precisam dar vazão ao seu protagonismo.

Para debater os significados da meritocracia e dos privilégios, os educamonicadores da Parafuso Educomunicação realizaram a dinâmica intitulada Caminhada dos privilégios. O grupo foi convidado a ficar em pé, lado a lado. Em seguida, foram realizadas perguntas relativas a determinados privilégios na vida em sociedade. Quando beneficiados, deveriam dar um passo à frente, caso contrário, um passo para trás.

Entre os questionamentos estavam: ‘se você já se sentiu desconfortável com uma piada ou comentário relacionado a sua raça, etnia, gênero, aparência, ou orientação sexual, mas se sentiu inseguro para confrontar a situação, dê um passo para trás’; e ‘se você acha que sentiria medo de sofrer alguma violência ou ser intimidado/a ao ser abordado por um policial, dê um passo para trás’.

A dinâmica fez com que os participantes refletissem sobre o exercício da democracia e das políticas públicas de equidade social, étnico-racial, de gênero, de orientação sexual etc. Ao final da atividade, as seguintes questões permearam o debate:

  1. a) Existe algo em comum entre as pessoas que menos privilégios tiveram?
  2. b) Como eu me senti com essa atividade?
  3. c) Consegui reconhecer alguns privilégios que tenho?
  4. d) Como me senti percebendo que há outras pessoas com mais privilégios do que eu?
  5. e) Com base na atividade, dá para afirmarmos que a nossa sociedade é igualitária, com direitos iguais para todos(as)?
  6. f) Existe a necessidade de criar e fortalecer políticas para promover a equidade entre as pessoas e os diversos grupos sociais?
  7. g) O que é democracia?
  8. h) Houve alguma pergunta que fez com que eu me sentisse desconfortável em responder?

Para os adolescentes e jovens, a dinâmica foi um momento propício para a reflexão e posicionamento frente ao que pensam e sentem. Favoreceu a participação, principalmente das pessoas que são mais tímidas.

Pensar em participação juvenil e democracia nos remete a vivências, atitudes, autonomia e responsabilidades para exercer ações que fortaleçam o protagonismo juvenil e promovam mudanças individuais e coletiva. Desse modo, mesmo em tão pouco tempo, a iniciativa com os adolescentes e jovens do Colégio Estadual Santos Dumont tem sido um instrumento para que encarem a realidade e retomem a esperança. Trata-se de um espaço de escuta e de atitude.

 

Fonte: CEPAT (Curitiba/PR)

 

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