Colégio Diocesano recebe professoras haitianas

Professoras haitianas são recepcionadas no aeroporto de Teresina (PI)

Duas professoras, que lecionam em escolas da Fundação Fé e Alegria no Haiti, desembarcaram no Brasil, em outubro, para participar de um período de qualificação profissional. Durante três meses, Guerline Brun e Yanie Raphael permanecerão em Teresina (PI), para conhecer as unidades da Rede Jesuíta de Educação. A tradutora Nerlie Bellevrue, acompanhará as educadoras durante a imersão cultural.

A ideia é proporcionar uma troca de experiências entre as professoras haitianas e os profissionais da RJE.

A ideia é proporcionar uma troca de experiências entre as professoras e os profissionais do Colégio Diocesano e da Escola Padre Arrupe (EPAR), da Rede Jesuíta de Educação. A ação faz parte da campanha Inacianos pelo Haiti, promovida pela Federação Latino-Americana de Colégios Jesuítas (FLACSI).

O diretor geral do Colégio Diocesano, Ir. Raimundo Barros, acredita que as docentes têm muito a compartilhar com os profissionais brasileiros. “Elas têm uma realidade bem diferente da nossa, por conta da estrutura do país, da educação, dos recursos; mas também são educadoras e fazem um trabalho interessante”, afirma. “Além disso, vão poder vivenciar o que fazemos aqui, que também é uma experiência exitosa”, ressalta.

DESAFIOS E ALEGRIAS

No Haiti, as atividades de Fé e Alegria tiveram início em 2006, e desde essa época Yanie trabalha nas obras da instituição. No momento, ela exerce dois cargos: diretora da Educação Infantil da Escola Santo Inácio de Loyola de Bedou e coordenadora do Departamento Pré-Escolar de cinco escolas da fundação do Departamento Nordeste, que é uma das áreas mais pobres do país. “A escola que trabalho fica em um local de difícil acesso, pois a rua não é pavimentada, não tem água, internet ou computadores”, conta. A intenção da educadora é compartilhar o aprendizado que adquirir no Diocesano com todas as obras que coordena no Haiti, além de mostrar para os professores brasileiros como são feitas as atividades nessas escolas.

“A escola que trabalho fica em um local de difícil acesso, pois a rua não é pavimentada, não tem água, internet ou computadores”

Yanie Raphael

Já Guerline começou a trabalhar na Fundação logo após o terremoto de 2010, que devastou o país. Atualmente, ela é diretora da pré-escola Jardim Fleuri, que atende 84 alunos com apenas três professoras. “Ultimamente, uma grande dificuldade é que as crianças não têm conseguido comprar o material escolar, que é muito caro”, afirma. A escola está situada na região periférica de Porto Príncipe, onde 51% da população vive em situação de pobreza e 12% em extrema pobreza. “Acredito que traremos e levaremos conhecimento na mesma medida”, ressalta.

Além da escassez de recursos materiais, outro grande desafio para essas professoras é o ensino da leitura e da escrita na língua materna, o crioulo haitiano. Isso porque, as escolas devem ensinar oficialmente o francês, que só é falado habitualmente por 15% das pessoas no país. A alta taxa de analfabetismo entre maiores de 15 anos se deve, em parte, a este problema. A campanha Inacianos pelo Haiti tem contribuído bastante para reverter esse quadro. “Mas não basta investir na estrutura física, é necessário qualificar os educadores para que realizem uma prática mais adequada”, avalia o assessor pedagógico do Diocesano, Julival Alves.

No Brasil, as educadoras haitianas passarão por um processo de imersão etnográfica na cultura brasileira e, especificamente, no trabalho realizado com Educação Infantil pelas obras jesuítas de Teresina (PI). Diariamente, terão aulas de língua portuguesa para facilitar a comunicação e o envolvimento com a rotina das escolas e também farão uma avaliação sobre as atividades desenvolvidas no dia. A intenção é que elas possam compartilhar as novas experiências ao voltarem a seu país.

FURACÃO MATTHEW ATINGE ESCOLAS DE FÉ E ALEGRIA NO HAITI

19-10-2016-colegio-diocesano-haiti-professoras-1A solidariedade se sobressai em meio ao caos provocado pelo furacão Matthew no Haiti. Lá, as escolas coordenadas por Guerline Brun e Yanie Raphael estão organizando kits com alimentos, água e material de higiene para enviar às famílias afetadas pelo fenômeno. A região mais atingida fica ao sul do país e possui unidades de ensino da Fundação Fé e Alegria. Os kits serão distribuídos prioritariamente aos parentes dos alunos dessas instituições.

O furacão não afetou a região onde as professoras vivem. “Por onde ele passou não ficou nada. Houve a devastação total de plantas e animais. E muitas pessoas mortas”, afirma a tradutora Nerlie Bellevrue. Matthew chegou ao Haiti no dia 4 de outubro, com cerca de 230 km/h.  Segundo as haitianas, o governo pediu para que as pessoas desocupassem as casas que estavam na rota do ciclone, mas a população tem medo de abandonar tudo e, no fundo, acredita que nada vai acontecer.

[…] as escolas coordenadas por Guerline Brun e Yanie Raphael estão organizando kits com alimentos, água e material de higiene para enviar às famílias afetadas pelo furacão Matthew.

Desde 2010, o Haiti sofre as consequências de um terremoto que deixou uma série de feridos, desabrigados e mortos. A nação é a mais pobre das Américas e, seis anos depois, ainda não havia se recuperado totalmente. “Aproximadamente 50% do país estava reconstruído”, informa Yanie.

A passagem do furacão atrasou, inclusive, a chegada das haitianas a Teresina. Elas enfrentaram demora na emissão de documentos, uma greve na embaixada do Haiti no Brasil e por fim o desastre provocado por Matthew. Tudo isso fez com que as professoras chegassem um mês depois do previsto.

 

Fonte: Colégio Diocesano (Teresina/PI)

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