
Na abertura da segunda semana da COP30, em Belém (PA), a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas entrou oficialmente em sua fase política — etapa decisiva para transformar em acordos concretos os mais de 30 anúncios feitos nos primeiros dias do encontro, já reconhecido amplamente como a COP da Implementação.
Após uma semana marcada por avanços significativos — como o anúncio do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, de 5,5 bilhões de dólares; novas medidas de adaptação; a Declaração de Belém sobre fome e pobreza; e o progresso de 145 itens na Agenda Social Oficial — a pauta de ontem (17) colocou a natureza no centro das discussões. A COP concentrou seus holofotes na proteção das florestas, na garantia dos direitos territoriais dos povos indígenas e das comunidades locais e na ampliação de soluções baseadas na natureza. Entre os destaques estão os 1,8 bilhão de dólares destinados à regularização fundiária e o lançamento do Bioeconomy Challenge, que busca converter princípios do G20 em ações concretas rumo a uma socio-bioeconomia global até 2028.
Ao longo do dia, a equipe jesuíta presente na Zona Azul continuou suas articulações em torno do documento que será entregue ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago, nesta semana. O Pe. Roberto Jaramillo, SJ, chefe da Secretaria de Justiça Social e Ecologia da Companhia de Jesus, avaliou este momento decisivo: “Não podemos ser ingênuos. As negociações já estão bastante adiantadas e é difícil ter uma influência especial. Mas seguimos focando nossa presença em eventos fundamentais, alinhados às chamadas da campanha Jesuítas pela Justiça Climática. O mais importante deste processo é seu caráter educativo, para a Companhia, para a Igreja e para nós mesmos. A pré-COP e a pós-COP serão tão importantes quanto esta fase. Ainda assim, esperamos ver quais serão os pontos prioritários implementados nas decisões finais”.
Para o especialista em sustentabilidade e economia ambiental, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Bernardo Strassburg, esta “é uma semana decisiva, quando os temas críticos voltam à agenda de negociações: o nível de ambição dos países e a transição dos combustíveis fósseis — um compromisso assumido há duas COPs e que ficou em suspenso. Esta é a COP em que essa pauta pode e deve retornar com mais força”.
Representando a PUC-Rio, Strassburg participou também nesta segunda semana da COP30 do painel Educação para Sustentabilidade, realizado na Zona Azul, reforçando o compromisso histórico da universidade com a ecologia integral, a transdisciplinaridade e a formação de lideranças para a ação climática.
Presença das Igrejas do Sul Global reforça urgência climática
A segunda-feira (17) também marcou a atuação das Igrejas do Sul Global em momentos de forte simbolismo e incidência. O Pe. Anderson Antônio Pedroso, SJ, reitor da PUC-Rio, participou de ações que destacam o papel da Igreja e da Companhia de Jesus na defesa da criação e na mobilização global pela justiça climática.
Um dos pontos mais significativos foi a entrega simbólica ao futuro Museu das Amazônias — legado estrutural da COP30 para Belém — da rede utilizada durante o Sínodo para a Amazônia, realizado em 2019, no Vaticano. A peça, carregada de memória e espiritualidade, foi entregue por representantes das Igrejas do Sul Global como um gesto de compromisso com a proteção dos povos e territórios amazônicos.
A cerimônia contou com mensagem em vídeo do Papa Leão XIV, que enviou saudações às delegações reunidas e destacou o testemunho dos cardeais Jaime Spengler, Fridolin Ambongo e Felipe Neri Ferrão, reafirmando a urgência de cuidado com a Amazônia.
Presente ao momento, Pe. Anderson Pedroso, SJ, sublinhou a importância de preservar espaços de memória e diálogo que iluminam a relação entre fé, justiça socioambiental e ação global — compromisso também assumido pela PUC-Rio em sua atuação acadêmica e formativa.
Além das agendas simbólicas e de incidência das Igrejas do Sul Global, o Pe. Anderson Pedroso, SJ, acompanha espaços estratégicos de diálogo acadêmico dentro da COP30. Entre eles, destaca-se o painel Redes Universitárias Latino-Americanas para o Clima na COP30, que será realizado nesta quarta-feira (19), às 10h(horário de Brasília), no Pavilhão do Ensino Superior para a Ação Climática.
O encontro reunirá reitores de universidades do México, Brasil e Argentina para discutir o papel das instituições de ensino superior na ação climática regional e global.
Juventude e novos marcos
Na sessão Juventude na Agenda da Ação, jovens de diferentes países se reuniram para mapear prioridades e reforçar a importância de sua presença nos processos decisórios da agenda climática global.
A agenda oficial seguiu com a cerimônia de reconhecimento dos direitos territoriais — reforçando que “floresta viva exige povo vivo” — e com uma mesa-redonda noturna que tratou das governanças indígenas e de seu papel na orientação de novos mecanismos de financiamento, como o próprio Fundo Florestas Tropicais para Sempre.
A segunda-feira encerrou com o Ministerial da Declaração Global de Metano, que reuniu 159 países para o lançamento do primeiro relatório global sobre o tema e para o estabelecimento de metas até 2030.
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