Delegado da Educação Básica fala sobre desafios

O Pe. Mário Sündermann foi nomeado pelo Pe. Carlos Palacio, Provincial do Brasil, o novo Delegado de Educação da Província do Brasil. Atualmente, Pe. Mário Sündermann é diretor do Colégio Catarinense, mas, em 2014, o jesuíta vai se dedicar somente as atribuições do novo cargo.  Em entrevista, Pe. Mário Sündermann fala sobre os desafios e as expectativas do novo cargo.

 

Portal Jesuítas – Qual o trabalho do delegado da Educação Básica da Companhia de Jesus?

Pe. Mário Sündermann – O trabalho estará voltado para fortalecer a articulação das presenças apostólicas da Companhia de Jesus em nível nacional. Para tanto, há algumas prioridades como: A organização e consolidação da nova estrutura de integração e articulação da missão educativa no Brasil; a elaboração de um projeto educativo comum para todos os colégios; a elaboração de um estatuto de funcionamento da Rede Jesuíta de Educação no Brasil; o mapeamento de lideranças para a direção de unidades dentro e fora das escolas; o gerenciamento do processo de sucessão no cargo de direção-geral nas unidades; e o acompanhamento do programa de qualidade da FLACSI (Federação Latino-Americana de Colégios Jesuitas e Inacianos).

 

PJ – Quais os desafios dessa nova missão?

MS – A meu ver, os principais desafios estarão voltados para a construção do Projeto Educativo Comum; a formação de lideranças; o fortalecimento da consciência de rede e pertença a um corpo apostólico. Além disso, teremos de ampliar os esforços de qualificação de pessoal, oferecendo programas de formação continuada que fortaleçam a identidade inaciana dos colaboradores em âmbito nacional.

 

PJ – Quais serão os seus primeiros compromissos na nova missão?

MS – No primeiro semestre de 2014, farei a visita canônica (em nome do Provincial do Brasil) a todos os colégios. Será uma oportunidade para conversar com os educadores e gestores das unidades e conhecer um pouco melhor a realidade nacional. Também dedicarei tempo à apropriação de dados e documentos norteadores das unidades, já recolhidos e tabulados no processo de transição para esse novo modelo.  Simultaneamente, trabalharemos no desenho da estratégia de construção do projeto educativo comum.

 

 

PJ – Os jesuítas possuem um forte laço com a educação. Como o senhor analisa essa vocação educacional da Ordem?

MS – Na fundação da Companhia, Inácio e seus companheiros tinham, no horizonte, o serviço à Igreja. Logo nos primeiros anos, descobriram, na educação, um espaço único e privilegiado para contribuir na construção do Reino de Deus e foram canalizando força, energia, recursos e, principalmente, pessoas para esse apostolado. A excelência dos centros educativos jesuítas fez com que esse apostolado fosse se fortalecendo ao longo dos séculos e, hoje, seja um dos principais e mais eficazes espaços de serviço ao povo de Deus.

Pessoalmente, acredito que a educação de excelência proposta pelos jesuítas deve transcender o âmbito da instrução, mesmo que esta seja de qualidade. Queremos contribuir para que os alunos alarguem seus horizontes, encontrem formas criativas e consistentes de enfrentar os “vestibulares” da vida com força de caráter e solidez ética. Queremos que nossos alunos não sejam apenas pessoas de sucesso, mas homens e mulheres de virtudes e valores, capazes de enfrentar os desafios atuais, imprimindo marcas positivas por onde passarem.

Trata-se de forjar pessoas aptas a enfrentarem os desafios inerentes a uma sociedade marcada pela competição, autossuficiência, pelo consumismo e, muitas vezes, desprovida de valores éticos e evangélicos. Que os nossos alunos saiam dos colégios dispostos a encontrar formas criativas, responsáveis e críticas de tornar o mundo mais justo, fraterno e solidário.

PJ – Para o senhor, como é trabalhar com os jovens?

MS – O trabalho junto aos jovens é bonito e desafiador. Eles, felizmente, desafiam-nos continuamente e exigem de nós uma reinvenção cotidiana.  Por isso mesmo, esse é um trabalho encantador e motivo de consolação. Ter a oportunidade de acompanhar o crescimento de alguém, nos diferentes aspectos da vida, é um privilégio. Vejo que crianças e jovens são portadores de incrível energia, trazem criatividade ímpar e são capazes de realizar ações transformadoras e inovadoras que nós, adultos, muitas vezes, já perdemos. Enfim, trabalhar com crianças e jovens é trabalhar com Vida.

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