Com o novo prédio já em funcionamento e a presença do presidente da OAB-MG, Luís Cláudio Chaves, a Escola Superior Dom Helder Câmara recebeu os calouros do 1º semestre nesta segunda-feira, dia 4. No turno da manhã, as atividades tiveram início às 9h30, com as boas-vindas do reitor da instituição, professor Paulo Stumpf, e do psicólogo Rogério Vieira, do Núcleo de Apoio Psicopedagógico. No turno da noite, a recepção começou às 19h30.
“É uma grande honra saudar vocês, calouros, neste primeiro dia de aula. Trabalhamos muito nestas férias para recebê-los com uma infraestrutura ainda melhor. Não medimos esforços em prol da qualificação do ensino e da aprendizagem”, afirmou o reitor. Ao mesmo tempo, Paulo Stumpf destacou a importância do empenho de cada aluno em busca da excelência. “Vocês fazem a diferença, por isso estudem bastante, aproveitem todas as ferramentas que a Escola oferece”, encorajou.
Em contrapartida, os alunos demonstraram grande expectativa e disposição. Alguns deles, como Matheus Machado, admitiram estar um pouco nervosos e ‘perdidos’ com essa nova etapa dos estudos. “É o meu primeiro curso superior, estou um pouco inseguro, mas os funcionários nos receberam com muita atenção. A palestra com o presidente da OAB-MG também foi ótima, me tranquilizou e me deixou ainda mais motivado”, contou o estudante, que optou pelo curso em tempo integral.
Segundo Matheus, passar o dia estudando já faz parte de sua rotina e ter uma formação mais completa pode ser um grande diferencial. “Pretendo seguir carreira na área criminal e prestar concurso para delegado. Estou bem animado com o início das aulas”, completou o calouro, que é de São João Del Rey.
Agenda Jurídica
Apontada pelos alunos como o ponto alto das atividades, a palestra do professor Luís Cláudio Chaves, presidente da OAB-MG, teve como tema a ‘Agenda Brasil Jurídica’. “A minha proposta é levantar os principais temas que estarão em debate no cenário jurídico nos próximos anos”, explicou o professor, já apontando o primeiro deles: o fortalecimento do Estado Democrático de Direito. De acordo com Chaves, o Brasil ainda não pratica justiça para os necessitados, para os menos favorecidos economicamente.
“Com exceção do ‘mensalão’, quando vocês viram pessoas com renda superior a 20 salários mínimos – e que cometeram crimes – nos presídios? A maior parte dos condenados é desprovida de recursos e comete crimes de furto e roubo, com alto índice de reincidência”, afirmou. Segundo o professor, para mudar este cenário, é necessário fortalecer a defensoria pública ou o cidadão carente continuará indefeso. “Como podemos assegurar a efetividade da justiça? Promovendo mais concursos para defensores (ou com a destinação de recursos para os defensores dativos)”, defendeu.
O segundo tema da agenda, discutido por Luís Chaves, foi a importância da conciliação. “Os cidadãos devem ser preparados para a prevenção do litígio. Muitos casos simples vão parar na justiça porque as partes não conseguem (e muitas vezes nem tentam) chegar a um acordo”, disse.
Com seu habitual bom humor, citou caso em que o síndico processou um morador porque ele estacionava duas motos em uma mesma vaga de garagem – quando o regulamento do condomínio permitia apenas um veículo por vaga. Mais curioso é o caso do ‘flato no elevador’, em que um delegado entrou na justiça porque se sentiu ofendido com o odor emitido propositalmente pelo outro usuário que estava no elevador. “São casos assim que me permitem dizer: falta prevenção e sobra abuso de autoridade”, afirmou.
“Vocês estão em uma das melhores faculdades, mas essa não é a realidade de todos os estudantes de Direito. Além do esforço das instituições para qualificar o ensino, é preciso que vocês se esforcem, visitem fóruns, tribunais, participem das atividades extracurriculares, tenham conhecimento de casos jurídicos reais. De nada adianta passar em 1º lugar e não ter sensibilidade”, aconselhou.
Fonte: DHC