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Editorial: Jesuítas no Brasil

Em 2019, a Província dos Jesuítas do Brasil celebrará os 470 anos do desembarque dos primeiros companheiros de Jesus no País. Um ano para fazer memória da importância dos jesuítas na construção da nação brasileira e um momento para refletirmos: qual o legado que a Companhia de Jesus aportou na constituição da sociedade brasileira? Para saber mais, leia a 50ª edição do informativo Em Companhia. Abaixo, confira o editorial da publicação e boa leitura!

 

Carla Galdeano                              Historiadora do Cuidado do Patrimônio Histórico e Cultural da Companhia de Jesus no Brasil

A Companhia de Jesus, desde seu início, atua nos mais diversos campos das atividades humanas. Sob o estandarte da Cruz, os jesuítas atravessam as fronteiras geográficas e culturais, indo onde ninguém mais quer, fazendo o que ninguém mais pode ou, se já o faz, procuram fazer melhor. Sua missão:  salvar as almas, e todas elas, em uma promoção da fé, da cultura e da justiça.

Seguindo a premissa inaciana “Encontrar a Deus em tudo e tudo em Deus”, em 1549, um pequeno grupo de jesuítas – formado pelos padres Manuel da Nobrega, João de Azpicuelta Navarro, Leonardo Nunes, Antonio Pires e pelos Irmãos Diogo Jacome e Vicente Rodrigues – atravessou o oceano, sem saber ao certo o que iria encontrar, quais os desafios e as dificuldades a serem superadas. Tinham apenas a certeza: mostrar a todos a felicidade plena que se encontra no Deus revelado, Jesus Cristo. Assim, aportaram no litoral brasileiro em 29 de março daquele ano.

Por meio da acolhida, da escuta e do diálogo, passos fundamentais para o processo de inculturação, conseguiram se aproximar dos povos nativos, entrando em tal comunhão que os ensinamentos passam a ser oferecidos na língua dos próprios gentios. Com esse olhar atento e compassivo sobre os indígenas, compreenderam que a arte poderia ser uma forma também eficaz de instrução e, juntamente com ela, a música, o teatro.

Adentrando no território pelos caminhos indígenas, fizeram daquele novo mundo sua casa, vivenciando a presença de Deus nos eventos mais cotidianos. Os jesuítas, homens para os outros e com os outros, têm esse amor apaixonado ao Cristo, que desinstala de nós mesmos e, por consequência, faz com que haja um despojamento apostólico que interage com o que lhe é distinto. À vista disso, a Companhia de Jesus, assim como o povo brasileiro, passou a ter diversos rostos e sotaques.

“O trabalho missionário da Companhia de Jesus foi, e ainda é, muito significativo para o Brasil”

Ao longo desses 470 anos de trabalho missionário no Brasil, os jesuítas passaram por todo o tipo de infortúnio, mas nunca se deixaram abater pelas fadigas que aquela realidade lhes trazia. Mesmo perseguidos e expulsos, sabiam que nada deveriam temer, pois a vida não mais lhes pertencia e Deus estava se servindo deles para fazer bem aos outros e, assim, realizariam melhor a missão do Cristo: a concretização da vontade do Pai.

O trabalho missionário da Companhia de Jesus foi, e ainda é, muito significativo para o Brasil. Graças à sua pluralidade de vocações e ofícios, os jesuítas estiveram presentes e muito atuantes em diversos momentos da história do País. “Descobrimentos”, reinados, restrições ao processo democrático, sempre permaneceram ao lado daqueles que necessitavam de seu auxílio, firmes na fé, Naquele que os criou.

Com um discernimento constante, conseguiram identificar as necessidades de adaptação de suas diferentes missões. Por vezes, tiveram que tomar decisões difíceis como término e alterações de diversos trabalhos, não por desânimo, mas por saber que suas raízes não estão nos lugares. A permanência da Companhia de Jesus se dá por meio dos dons reconhecidos e compartilhados, do acolhimento, da educação de excelência, dos projetos desenvolvidos, das injeções de ânimo nos momentos de dificuldade, no oferecimento da rica espiritualidade inaciana, ou seja, na vida das pessoas que eles encontraram e inspiraram, e inspiram, ao longo do caminho nesses 470 anos de missão no Brasil, que serão completados em 2019.

Boa leitura!

Este editorial foi publicado na 50ª Edição do informativo Em Companhia (Nov./Dez. 2018). Quer ler a edição completa? Então, clique aqui!

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