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Em vídeo, Papa denuncia as consequências da corrupção

“O que está na raiz da escravidão, do desemprego, do abandono dos bens comuns e da natureza? A corrupção, um processo de morte que nutre a cultura da morte”, afirma o Papa Francisco no início do novo vídeo da série O Vídeo do Papa. Neste mês de fevereiro, o Pontífice nos faz um convite: “peçamos juntos para que aqueles que têm poder material, político ou espiritual não se deixem dominar pela corrupção”.

Nesta edição, pela primeira vez, o vídeo foi realizado em conjunto com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Em sua mensagem, Francisco ressalta que a corrupção não se combate com o silêncio. “Devemos falar dela, denunciar seus males, compreendê-la para poder mostrar a vontade de reivindicar a misericórdia sobre a mesquinhez, a beleza sobre o nada”, diz.

“Peçamos juntos para que aqueles que têm poder material, político ou espiritual não se deixem dominar pela corrupção”

Papa Francisco

O cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, afirma que “não devemos falar de resolver a corrupção em teoria, mas de combater a corrupção em cada um dos setores. Os pobres pagam a festa dos corruptos”.

Para o padre Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, não surpreende que o Papa tenha incluído o tema do combate à corrupção entre as intenções de oração deste ano. Segundo ele, isso “é algo que o preocupa de maneira significativa e ao qual ele se referiu em muitas oportunidades”, comentou. O jesuíta ainda acrescentou que “a corrupção afeta muitas nações do mundo e é um mal que destrói e mata”.

O Vídeo do Papa sobre a corrupção se soma a várias ações do Dicastério para tornar visível este flagelo. Entre essas ações destacam-se o Debate Internacional Sobre a Corrupção, realizado em 15 de junho de 2017, a publicação do livro Corrosione (em português, Corrosão), do cardeal Turkson e de Vittorio Alberti, com prefácio do Papa, e o Debate Sobre a Corrupção que se realizará em Nápoles (Itália), a partir do dia 3 de fevereiro, onde se projetará o vídeo, entre outras iniciativas. Confira a mensagem do Santo Padre:

NO BRASIL

De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime no Brasil (UNODC), a corrupção é o maior obstáculo ao desenvolvimento econômico e social na atualidade. Todos os anos mais de 1 trilhão de dólares é pago em suborno, enquanto cerca de 2,6 trilhões de dólares são roubados pela corrupção, o equivalente a mais de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Um estudo divulgado pela entidade Transparência Internacional, afirma que o Brasil fechou o ano de 2016 em 79º lugar entre 176 países no ranking sobre a percepção de corrupção no mundo. Além do Brasil, estão empatados em 79º lugar Bielorrússia, China e Índia.

No ano passado, durante o Jubileu de 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, o Papa Francisco enviou um vídeo afirmando que a esperança deve prevalecer, “sobretudo quando ao nosso redor as situações de desespero parecem querer nos desanimar. O Brasil hoje necessita de homens e mulheres cheios de esperança e firmes na fé, que deem testemunho de que o amor manifestado na solidariedade e na partilha é mais forte e luminoso que as trevas do egoísmo e da corrupção. Não se deixem vencer pelo desânimo”, disse o Papa, que repetiu a frase ao final da mensagem: “Não se deixem vencer pelo desânimo. Confiem em Deus”.

“É preciso uma conscientização coletiva não só da corrupção que existe nos altos escalões da sociedade brasileira ou praticado por políticos, seja no Executivo, Legislativo ou no Judiciário. Temos que nos conscientizar que a corrupção começa com as pequenas desonestidades, desde a infância.”

Dom Guilherme Werlang

Para dom Guilherme Werlang, bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Social Transformadora da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a corrupção é moralmente um grande e gravíssimo pecado: “Uma pessoa que compactua e pratica a corrupção jamais poderá ser reconhecida como cristão ou cristã. Eticamente, a corrupção destrói qualquer sociedade”.

Dom Guilherme destaca ainda que “é preciso uma conscientização coletiva não só da corrupção que existe nos altos escalões da sociedade brasileira ou praticado por políticos, seja no Executivo, Legislativo ou no Judiciário. Temos que nos conscientizar que a corrupção começa com as pequenas desonestidades, desde a infância. Ela cresce, por exemplo, quando não exigimos nota fiscal. Quando queremos vantagens sobre pagamentos escondendo parte do valor. Quando fizermos a educação nova da honestidade e transparência aí podemos pensar em vencer a corrupção endêmica do Brasil”.

Para o padre Eliomar Ribeiro de Souza, diretor nacional da Rede Mundial de Oração do Papa e do MEJ (Movimento Eucarístico Jovem), vivemos no Brasil um período difícil, o que agrava os julgamentos, as falcatruas, as mentiras, os compadrios, os subornos e a violência. “Nesse contexto, tudo isso pode nos deixar desanimados, sem vislumbrar uma luz no fim do túnel. Porém, é importante não nos deixarmos abater por todo esse processo de podridão político-econômica que gera um fardo muito pesado, sobretudo, para os mais sofridos e pobres. Rezar é mudar o coração; por isso mesmo devemos intensificar nossas orações neste mês”, afirma. O jesuíta ainda faz um convite a todos: “Quem sabe podemos ter presente na oração um corrupto concreto com nome e identidade e rezar por sua conversão!?”.

Abaixo, confira mais informações sobre o tema da corrupção:

 

Fonte: CNBB/ Rádio Vaticana/ Pe. Eliomar Ribeiro/ Rede Mundial de Oração do Papa  

Foto: Reprodução

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