No último sábado (11), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) foi palco do Pré-Fospa Manaus, um evento que reuniu mais de 60 entidades em prol da Amazônia. O encontro, que precede a XI edição do Fórum Social Panamazônico (Fospa), teve como objetivo central mobilizar e articular movimentos sociais, organizações da sociedade civil e líderes regionais para uma discussão profunda sobre os desafios enfrentados pela região.
Participaram do evento representantes indígenas, ativistas ambientais, religiosos, pesquisadores e membros da sociedade civil. A Companhia de Jesus se fez presente por meio de representantes da Preferência Apostólica Amazônia (Paam), como o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares).
O Pré-Fospa destacou quatro eixos fundamentais: povos indígenas e territorialidades amazônicas; mulheres; comunicação para a Amazônia; e mãe terra. Esses eixos foram abordados durante as mesas temáticas, com discussões sobre a proteção dos direitos e territórios dos povos indígenas; o papel das mulheres na preservação ambiental; a importância da comunicação para a Amazônia, e a relação entre humanidade e natureza, simbolizada pelo eixo mãe terra.
A programação incluiu também debates, rodas de conversa, momentos culturais e uma feira de artesanato, buscando fortalecer a articulação entre os participantes e promover soluções concretas para os desafios enfrentados na região.
Falas em defesa da Amazônia
O Pe. Rogério Mosimann da Silva, SJ, delegado para a Preferência Apostólica Amazônia (Paam), ressaltou a importância das temáticas em defesa da Amazônia e dos povos que nela habitam: “A partir do princípio da defesa e promoção da vida, tanto no cristianismo quanto nas outras culturas, incluindo as indígenas, vemos essa valorização da vida humana e da natureza. É crucial defender as culturas e a vida dos povos indígenas, historicamente massacrados durante a colonização”. E conclui dizendo que foi “inspirador ver quando as pessoas, especialmente os próprios indígenas, tomam a palavra e afirmam sua identidade e cultura, como quando alguém se apresenta em sua língua materna e com orgulho de sua ancestralidade”.
O também jesuíta, Pe. Silvio Marques, diretor do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), demonstrou imensa gratidão por poder somar voz nesse momento: “Quando pensamos e sonhamos juntos, podemos realizar coletivamente. Nós, do Sares, estamos muito satisfeitos por participar desse momento para a construção conjunta de pautas em defesa da nossa querida Amazônia”.
Já o diretor do Inpa, professor Henrique Pereira, destacou a importância do evento para unir ciência e conhecimento à luta pela Amazônia: “É um momento em que abrimos a Casa da Ciência, do Instituto mais importante de Ciência para a Amazônia, para receber o conjunto desses movimentos. O recado é dizer que a ciência e o conhecimento produzido nos institutos da Amazônia são um subsídio para fortalecer as lutas dessas organizações em defesa da região”.
Mercy Soares, educadora social do Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), ressalta que o Pré-Fospa Manaus trouxe à tona a questão crucial de resistir pela Amazônia: “Enquanto o mundo enxerga a Amazônia como uma fonte de exploração, nós a vemos como um local para ser estudado e preservado”. Ela destaca ainda a participação do Sares na promoção de momentos de reflexão, capacitando educadores populares em diversas áreas, desde o bem-viver até a justiça social ambiental: “Estamos formando mais agentes ambientais para proteger a natureza, reconhecendo seu direito como sujeitos, incluindo o direito ao ar puro e aos rios livres de poluição”.
Sobre o Fospa
O Fospa, que ocorre a cada três anos, reúne milhares de pessoas de diferentes países, culturas e origens para discutir e propor soluções para os desafios da Pan-Amazônia. Criado em 2001, no âmbito do Fórum Social Mundial, o encontro se consolidou como um espaço de articulação, ação e reflexão sobre a realidade da região, reunindo diversos segmentos da sociedade em busca de uma Amazônia viva, justa e sustentável.
O evento deste ano está programado para acontecer de 12 a 15 de junho, em Rurrenabaque e San Buenaventura, na Bolívia, prometendo mais um espaço de debate e mobilização em prol da Amazônia e de seus habitantes.