Na foto (esq. p/ dir.), Larissa Katlen Crivellari; Nathane Gabrielle Cabral Silva; Sr. Paulo; no computador, Samila Inácio Dutra, estagiária do NEP – Núcleo de Ensino Personalizado; de camiseta azul, Pedro Henrique Duarte Galdino e, de camiseta branca, Fábio Fernandes Pereira.
A Escola Superior Dom Helder Câmara promove, todos os semestres, um projeto interdisciplinar, que envolve as disciplinas propedêuticas, ou seja, que visam à formação geral e humanística dos alunos. No 1º semestre desse ano, o projeto teve como tema a justiça.
Segundo Maria Aparecida Leite Mendes Cota, professora de Português e Metodologia da Pesquisa, essas disciplinas se preocupam com a formação social dos alunos. “Pensamos em propor uma oportunidade de fazê-los enxergar além da lei, sem se condicionar a uma visão positivista ou dogmática do direito”, afirma.
O projeto é coordenado pelos professores: Franclim Brito, coordenador do curso de Direito Integral e do grupo de disciplinas propedêuticas; Adriana Freitas Antunes Camatta, professora de Introdução à Ciência Jurídica; Mariza Rios, professora de Teoria Geral do Estado e Ciência política; além da professora Maria Aparecida. “Os professores se dividem em grupos de acordo com a área de atuação para discutirem as competências e habilidades a serem desenvolvidas em cada disciplina”, explica a professora.
Após os alunos refletirem sobre o tema do projeto, a professora Maria Aparecida propôs a realização de um trabalho de campo com o registro de situações em que fossem detectadas a violação dos direitos humanos. “O importante era fazer com que os alunos se reconhecessem no outro, dessa forma sugeri que se aproximassem das pessoas para ouvi-las e conhecerem seus problemas e anseios”, diz Maria.
O registro dos alunos Larissa Crivellari, Fábio Fernandes, Josiane Moreira Santos, Nathane Gabrielle e Pedro Henrique Galdino foi o que mais chamou a atenção da professora. Os estudantes fotografaram um homem chamado Paulo (foto), que vive em situação de rua em Belo Horizonte (MG), desde que a empresa em que trabalhava o demitiu. “O senhor Paulo contou aos alunos que havia movido um processo contra a empresa, mas não obtivera nenhum resultado, por isso ele vivia nas ruas, sem documentos, sem perspectivas de futuro e longe da família. A partir dessa história, eu orientei o grupo a procurar o NPJ (Núcleo de Prática Jurídica) para consultar o processo trabalhista movido por ele e providenciar os documentos perdidos há 21 anos”, conta a professora.
Para Paulo, essa foi a oportunidade de se fazer ouvir, de se sentir amparado e de dar voz aos seus anseios por uma sociedade mais justa. “Esse tipo de ação propicia aos alunos, além do contato com a prática e a realidade jurídicas, uma formação mais humanista, reflexiva e crítica que supera um modelo de educação tecnicista e dogmática voltado apenas para a pura execução de leis”, conclui Maria Aparecida.