A Amazônia Ocidental, composta por Acre, Rondônia, Roraima e Amazonas, enfrenta uma estiagem severa em 2023, que causa impactos significativos na região. O número de municípios afetados pela estiagem continua a aumentar, ameaçando a navegação, o acesso à água potável, a vida aquática, agravando as queimadas e espaços socioambientais. Essa situação levou Manaus (AM) e Rio Branco (AC) a decretarem estado de emergência.
Medições da Agência Nacional de Águas (ANA) revelam que vários rios na região, incluindo o Negro e o Solimões, formadores do rio Amazonas, estão enfrentando níveis de água abaixo da média histórica. Extensos bancos de areia e centenas de peixes mortos se tornam cada vez mais visíveis.
O Governo do Amazonas decretou estado de emergência em 55 municípios por seis meses devido à seca. Para aliviar os efeitos, anunciou a compra de produtos sem licitações públicas, abertura de poços artesianos e apoio a pequenos agricultores. Essas ações buscam fornecer provisoriamente alimentos e água potável à população afetada.
No Acre, já se fala sobre racionamento de água para os próximos meses e o desabastecimento de combustíveis que impede a locomoção das pessoas que vivem em zonas rurais, principalmente.
O fenômeno das “Terras Caídas”
Além dos desafios causados pela seca, a região amazônica enfrenta o fenômeno das “terras caídas”, caracterizado pelo desbarrancamento das margens dos rios amazônicos. Esse fenômeno, que ocorre com maior frequência durante a seca, representa um risco para as comunidades ribeirinhas.
Os desabamentos também podem ter impactos ambientais, afetando a qualidade da água, a biodiversidade e a paisagem ribeirinha, podendo variar de pequenos deslizamentos a eventos catastróficos que podem destruir casas e comunidades inteiras.
Recentemente, um desabamento nas margens do rio Purus deixou dois mortos e mais de 200 desabrigados na comunidade Arumã, município de Beruri, no Amazonas. Esse incidente destaca a vulnerabilidade das áreas afetadas por este fenômeno.
Medidas de Prevenção e Mitigação
Lidar com o fenômeno das terras caídas é um desafio complexo, porém várias medidas podem ser adotadas:
- Monitoramento Geotécnico: é fundamental acompanhar de perto as condições das margens dos rios por meio de monitoramento geotécnico, incluindo análises de solo e estabilidade das margens.
- Educação e conscientização: educar as comunidades locais sobre os riscos associados ao fenômeno das terras caídas e as melhores práticas para lidar com essa situação.
- Manejo sustentável: promover o manejo sustentável das áreas ribeirinhas, evitando práticas que possam fragilizar o solo, como a retirada excessiva de vegetação nativa.
- Intervenções: em situações críticas, intervenções engenhosas podem ser necessárias. Isso pode incluir a construção de estruturas de contenção, como muros de arrimo, para estabilizar as margens.
- Planejamento Territorial: o planejamento territorial cuidadoso, considerando os riscos associados às terras caídas, pode ajudar a evitar o desenvolvimento de comunidades em áreas de alto risco.
- Alerta antecipado: a implementação de sistemas de alerta antecipado pode fornecer às comunidades tempo suficiente para que se preparem e evacuem áreas de riscos.
Essas soluções requerem a colaboração de governos, organizações não governamentais e a comunidade local. A seca na Amazônia é um lembrete da importância de agir de forma proativa para preservar este ecossistema crítico e proteger as comunidades que dependem dele.
Crise climática global e os efeitos da seca
Dois fenômenos climáticos simultâneos, o El Niño e o aquecimento do Atlântico Tropical Norte, estão agravando a estação seca na Amazônia. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) aponta que esses fenômenos estão reduzindo as chuvas na região, atrasando o período chuvoso que deveria começar em novembro.
Entre as causas, estão as emissões de gases de efeito estufa no Brasil que aumentaram pelo quarto ano consecutivo, com a Amazônia Legal contribuindo significativamente. O desmatamento e mudanças no uso da terra são as principais causas dessas emissões, exacerbando os extremos climáticos.
A seca severa na Amazônia, em 2023, destaca a interconexão dos fenômenos climáticos globais e regionais. É um lembrete contundente da importância de abordar o tema das emissões de gases de efeito estufa e a proteção ambiental. Para evitar cenários mais desastrosos, ações coordenadas são necessárias para mitigar os impactos da crise climática na região e em todo o mundo.
Fonte: Paam