A população da Unidade de Preservação Bela Vista, localizada às margens do Rio Negro (AM), foi visitada pelos estudantes da 3ª série do Ensino Médio do Colégio São Luís, de São Paulo (SP), em 2023. Como é próprio da pedagogia de inspiração inaciana, a efetividade da aprendizagem depende da afetividade envolvida na experiência. O contato com a comunidade de Bela Vista gerou laços de amizade e compromisso, tanto com a conservação da biodiversidade quanto com a dignidade de quem vive nela.
Diante da seca histórica enfrentada na Região Amazônica, meses depois da visita, além das imagens que passaram a contrastar com a paisagem visitada, os estudantes descobriram que a comunidade se encontrava com dificuldades de acesso à água potável.
Para atender ao apelo dos moradores, surgiu a campanha ‘Juntos pela Amazônia’, com o objetivo de mobilizar a comunidade educativa para arrecadar fundos destinados à construção de um poço artesiano para aquela população.
Ao todo, foram arrecadados R$26.711,00. Após descontar R$1.736,22 referentes às taxas da plataforma online, a Associação Agrícola Rural de Desenvolvimento dos Moradores da Comunidade Bela Vista recebeu R$24.974,82 para a construção do poço. A meta foi estabelecida com base em orçamentos realizados previamente pelos moradores.
Estudo de Campo
Os estudantes estiveram na Amazônia entre os dias 22 e 26 de maio, acompanhados por profissionais do Colégio. A viagem foi uma oportunidade para eles observarem, identificarem, descreverem, refletirem e compreenderem contextos históricos, geográficos, artísticos, econômicos, ambientais e culturais diferentes. Tudo foi registrado no “Caderno de Campo”, um material especialmente preparado pela equipe pedagógica do segmento, que serviu como guia e roteiro para o processo de aprendizagem.
De acordo com o coordenador pedagógico do Ensino Médio, Rafael Araújo, a equipe de docentes do segmento trabalhou por cerca de três meses para estruturar os roteiros e as atividades de campo, envolvendo todas as áreas de conhecimento: “O Estudo de Campo faz parte de uma estratégia eficaz para reforçar a aprendizagem, permitindo que as atividades interdisciplinares oferecidas aos estudantes em sala de aula sejam materializadas na prática. O objetivo é solidificar esses estudos no CSL e desenvolver uma cultura de pesquisa de campo”, disse.
Segundo a professora de História, Silvana Gobbi Martinho, o Estudo de Campo na Amazônia permitiu aos jovens aprofundar seus estudos sobre os processos de ocupação e os debates históricos em torno do território, identificando uma narrativa anticolonial. Eles também puderam entender o impacto da preservação dos saberes dos povos originários e do meio ambiente, o que levou a reflexões sobre a coexistência da natureza com o desenvolvimento humano e econômico.
Entre tantos estudos e aprendizagens, foi o espetáculo da natureza que encantou a aluna Maria Eduarda. Ela destacou não somente o nascer e o pôr do sol, mas também o dourado da tarde que avistou do barco: “Vou levar comigo! O céu de dia, tarde e noite, a floresta e o pouco de fauna que vimos. Foi lindo estar em contato com tanta coisa bonita. A viagem proporcionou momentos memoráveis nesse último ano do colégio. E esses momentos vão fazer do Ensino Médio uma lembrança boa”, finalizou.
“Conhecer a Amazônia a partir da experiência educacional de uma escola jesuíta é trabalhar temas como a biodiversidade, as identidades, o eu e o outro, a soberania nacional, a geopolítica, os conflitos socioambientais e as questões ambientais. Essas vivências colaboram para a formação acadêmica de acordo com os princípios jesuítas “ser mais para os demais” e “cuidar da casa comum”, finalizou a professora Silvana.