Inspiradas pela história de mulheres como Anita Garibaldi e Zilda Arns, as jornalistas Aryane Cararo, ex-aluna do Colégio Medianeira, e Duda Porto de Souza decidiram produzir um livro que trouxesse o perfil de importantes figuras femininas, que fazem parte da história do Brasil. O resultado é a obra Extraordinárias: Mulheres que revolucionaram o Brasil, que foi lançada em Curitiba (PR), no mês de dezembro.
No livro, as autoras apresentam o perfil de 44 mulheres que marcaram a história do País. Aryane explica que a necessidade de partilhar a vida dessas figuras femininas nasceu ao perceber a ausência de conhecimento dos brasileiros sobre a vida das heroínas nacionais. O livro é o resultado de dois anos de pesquisa e escrita. “Precisávamos resgatar esses nomes. Então, o começo foi justamente ir atrás dessas mulheres. Quem eram? Nos preocupamos em diversificar as áreas de atuação: direitos humanos, política, cultura, meio ambiente, ciência, esporte… Tentamos também balancear as regiões de origem, para sair um pouco do eixo Rio-São Paulo, e ter representantes em diversos períodos históricos”, comenta.
“Acabei me apaixonando pela vida de todas essas mulheres, que foram ousadas, desafiadoras, destemidas, independentes, todas à frente do seu tempo. É impressionante como sabemos pouco sobre as vidas delas, vimos isso com a dificuldade de encontrar registros históricos confiáveis”
Aryane Cararo
A lista de personagens criada pelas escritoras chegou a ter 300 nomes, porém muitas das histórias selecionadas quase caíram na categoria de lenda pela falta de documentos. Para chegar às 44 mulheres que integram o livro, Aryane e Duda precisaram estabelecer alguns critérios como a importância daquela pessoa em sua área de atuação, se marcaram a história do Brasil ou se provocaram mudanças no rumo do País. “Acabei me apaixonando pela vida de todas essas mulheres, que foram ousadas, desafiadoras, destemidas, independentes, todas à frente do seu tempo. É impressionante como sabemos pouco sobre as vidas delas, vimos isso com a dificuldade de encontrar registros históricos confiáveis”, conta Aryane. A ex-aluna do Medianeira destaca os perfis da médica Zilda Arns (1934 – 2010), da auditora fiscal do trabalho Marinalva Dantas – que libertou mais de 2 mil pessoas de trabalho análogo à escravidão nos últimos anos – e de Anita Garibaldi (1821 – 1849).
Representatividade
Segundo um ranking global de assassinatos de mulheres, o Brasil é o quinto país mais violento do mundo. O país tem uma taxa de 4,8 mortes por 100.000 mulheres, de acordo com o estudo Mapa da Violência 2015 – Homicídios de mulheres no Brasil. Por isso, para Aryane, além da violência, é preciso combater também a desigualdade que impacta em salários mais baixos e a dificuldade de igualar a divisão das tarefas de casa. Nesse sentido, a jornalista enxerga o livro como um importante instrumento que dá voz e representatividade às mulheres.
“Nossas meninas, adolescentes e mulheres precisam saber o poder que elas têm e que podem realizar coisas extraordinárias. E os meninos e homens também precisam saber disso, para que possamos ter uma sociedade com mais respeito e igualdade. Está na hora de reescrevermos nossa história”, explica.
Anos de Medianeira
Aryane estudou no Medianeira de 1985 a 1996, cursou do Jardim II a 3ª série do Ensino Médio, e, na sua visão, as experiências que vivenciou no Colégio foram fundamentais para a sua escolha profissional –ela têm experiências pelas redações da revista Crescer e do jornal O Estado de S. Paulo– e também na sua formação como pessoa preocupada com os demais. “Posso dizer que minha formação toda tem a influência da filosofia da escola e de professores incríveis com quem tive a oportunidade de aprender. Sempre digo que havia uma preocupação em preparar os estudantes para a vida”, relembra.
O amor pela escrita também nasceu dentro do Medianeira por meio das atividades e das avaliações – que também valorizavam, e ainda valorizam, o ato de escrever e interpretar. “Lembro das rodas de história do Jardim II, na biblioteca. Recordo de duas histórias até hoje! A do Menino Maluquinho, que foi a primeira da minha vida – já contei para o Ziraldo isso quando o entrevistei –, e a da joaninha que buscava sapatos para a centopeia [As Centopeias e seus sapatinhos, de Milton Camargo]. E lembro também o quanto aguardava ansiosa a feira anual de livros, com aquele oceano de títulos e a chance de escolher pelo menos um deles”, avalia.
As lembranças dos anos de Medianeira fazem parte do dia a dia de Aryane. De acordo com a escritora, o tempo em que estudou no Colégio é motivo de muito carinho e orgulho: os momentos de convivência com os colegas e os educadores, as festas e comemorações, as brincadeiras e as aulas. “Lembro de pular elástico nos intervalos. Lembro das aulas de artes e música, que adorava! Lembro de todos os professores que tive e do incentivo que eles forneciam. Lembro dos colegas, alguns que ficaram para a vida toda. Lembro dos desfiles nas Olimpíadas, das festas juninas, dos passeios à chácara do Medianeira [atualmente Centro de Educação Ambiental] e de subir o Morro do Bruninho”, recorda. Com uma trajetória pessoal e profissional pautada pela ética e pelo respeito aos outros, Aryane Cararo, jornalista e ex-aluna, é um exemplo de excelência humana e acadêmica.
SERVIÇO
Extraordinárias — Mulheres que revolucionaram o Brasil
Autoras: Aryane Cararo e Duda Porto de Souza
Editora: Seguinte (O selo jovem da Companhia das Letras)
Ano: 2017
Páginas: 208
Fonte: Colégio Medianeira (Curitiba/PR)