
Na periferia de Belém (PA), o jovem Antony David Costa Licenas, de 18 anos, está à frente de um projeto ambicioso que conecta satélites, inteligência artificial e educação climática para dar voz às populações das baixadas. Ele conta: “moro nas periferias de Belém … e cresci numa casa que alagava, então eu sempre vivi esses problemas na pele”.
O projeto, batizado de Arpia, em homenagem à maior ave de rapina amazônica — foi desenvolvido por Antônio em parceria com seu irmão e outros jovens. A plataforma utiliza dados de satélite da NASA, incluindo imagens SAR que atravessam nuvens e fumaça, para detectar inundações, alagamentos, ilhas de calor e relevo urbano em 3D: “a gente já mostrou que na periferia tem muito menos arborização do que no centro … tem maior emissão de carbono, tem maior temperatura”.
Segundo Antôny, o objetivo vai além da tecnologia: “queremos empoderar juventudes por meio da tecnologia, dos dados climáticos … para que todas as pessoas tenham acesso aos dados sobre as mudanças climáticas”. A plataforma tem um “copiloto” de IA chamado Jataí em referência à abelha amazônica que colabora com a arpia para traduzir a linguagem técnica em perguntas simples como “o que são ilhas de calor?”, permitindo que “a dona Maria, o seu João, o cientista, o repórter” acessem a informação.
Na última maratona de inovação da NASA, o time participou da globalmente reconhecida NASA Space Apps Challenge, e foi declarado campeão regional da etapa belenense. “Terminamos a competição, mandamos um protótipo para a NASA … dia 10 , fomos declarados campeões regionais … hoje a plataforma já está no ar.”
O jovem ressalta que os desafios são urgentes: “temos que pensar no agora … mas também no pós-COP … os próximos 10 anos vão ser anos em que a gente vai estar incentivando as juventudes a pesquisar sobre ciência, pesquisar sobre dados”. Ele alerta para o risco de um negacionismo climático persistente: “educação de qualidade … essa era a chave para combater o negacionismo climático”.
Antôny acredita que a solução também está nas periferias: “quem melhor para pensar em soluções para o mundo do que as pessoas que são afetadas por isso … nós, o povo, podemos sim nos engajar na causa climática e pensar em soluções”. Para quem quiser acompanhar ou apoiar, ele recomenda seguir o perfil @astroanthony nas redes sociais e acompanhar o link da plataforma que está em versão beta.
Este relato evidencia como inovação, ciência cidadã e justiça social podem se unir para dar poder às comunidades vulneráveis — e como jovens da periferia, com criatividade e tecnologia, podem estar na linha de frente da resposta à mudança climática.




