Em seus 70 anos de história, o Centro Universitário da FEI se mantém comprometido com os ideais de seu fundador, o Padre jesuíta Roberto Saboia de Medeiros, que visam formar profissionais de alto nível com visão empreendedora, para que o relacionamento com a sociedade seja vivido de forma mais humana e justa.
Por causa desta visão humanista, que prioriza valores e princípios éticos e morais, e que forma o indivíduo como um todo, não somente no aspecto intelectual, desde que a Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN) foi criada, em 1941, todos os alunos já assistiam aulas de disciplinas voltadas às relações humanas. Com a criação da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), em 1946, o conjunto de disciplinas de Ciências Sociais oferecidas aos cursos começou a estruturar-se no que mais tarde seria o Departamento de Religião, hoje chamado de Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas, responsável pela formação humanista dos estudantes de graduação.
Proposta pelo Padre Roberto Saboia de Medeiros, a presença de disciplinas de Ciências Sociais nos cursos mostra o lado empreendedor e visionário do jesuíta, que visualizava e colocou em prática, na década de 1940, a formação do profissional humanista, procurando conciliar disciplinas técnicas com disciplinas que tratavam de religião, moral e direito, além de incentivar os esportes, enquanto outras instituições passaram a discutir este aspecto apenas algumas décadas depois.
“Trabalhar o desenvolvimento global do estudante era pertinente naquela época, como continua a ser hoje, pois os alunos têm necessidade de desenvolver a habilidade de relacionar- se com os outros, tanto no ambiente profissional como na sua vida pessoal. Até hoje, essas disciplinas ajudam a formar um profissional capaz de compreender a realidade de modo abrangente e crítico, ressaltando o que a pessoa tem de melhor e permitindo enfrentar os novos desafios, próprios de um contexto social e cultural em permanente transformação”, relata o professor doutor Alessandro La Neve, secretário geral da FEI, que acompanhou a história do departamento e da Instituição.
O departamento foi chefiado, inicialmente, por jesuítas como os padres José Gomes Bueno, Mário Ghislandi, Aldemar Moreira (Foto) e Luciano Mendes de Almeida, além dos professores Niko Zuzek, Costantino Agazzi e Flávio Vieira de Souza. Atualmente, o cargo é ocupado pela professora doutora Carla Andrea Soares de Araujo.
Nas primeiras turmas dos cursos de Engenharia, formadas até 1966, a disciplina Religião era ministrada do primeiro ao quinto ano. Além disso, no quinto ano havia a disciplina optativa de Ética Profissional. “Inicialmente, essas disciplinas eram ministradas por sacerdotes. No livro dos 50 anos da FEI existe uma nota que diz que o Padre Bueno, titular de Religião, convidou para assistentes dessa disciplina o Padre Aldemar Moreira, o Padre Mário Ghislandi, o Padre Luiz Gargione e o Frei Lauro M. de São Paulo”, relata a docente.
Iniciativas aprovadas pelos alunos
Os futuros profissionais de Engenharia, Ciência da Computação e Administração chegam ao ensino superior com a ideia de que aprenderão tudo sobre a carreira, mas, na FEI, acabam deparando com as disciplinas de Ciências Humanas. O fato pode até gerar desconforto no início do curso, no entanto, com o tempo e o amadurecimento, os alunos acabam reconhecendo a importância das disciplinas humanistas para o seu futuro como profissional. “Trata-se de um diferencial importante da FEI e dá mais qualidade ainda à formação. No meu ponto de vista, não são algumas disciplinas que deixam o bom profissional mais humano, e sim o profissional mais humano que se torna um profissional melhor”, pontua o professor doutor Raul Cesar Gouveia Fernandes.
O engenheiro eletricista Eduardo Marques Prezoto, formado em 2006, lembra que quando teve aulas de Filosofia, no início do curso, foi possível notar a rejeição por parte de alguns colegas de turma. No entanto, para ele, mesmo estando bem próximo da religião, as aulas mudaram a maneira de ver a Igreja e até como poderia aplicar aqueles ensinamentos na vida. “As aulas reforçam valores que nascem com a gente, mas que não prestamos atenção devido à correria do cotidiano. No meu caso, também ajudaram a ser um profissional diferente, ir além do raciocínio e da lógica exigida pela profissão, porque, independentemente da técnica, temos de entender as relações humanas, pois convivemos com pessoas diferentes e com objetivos diferentes todos os dias”, enfatiza o ex-aluno.
Para Régis de Matos Curvelo de Barros, aluno do 8º ciclo de Engenharia Mecânica, o departamento é importante por dar ao estudante a oportunidade de ter uma maior percepção do mundo. “Apesar da objeção inicial, os colegas amadurecem e percebem o quanto esses ensinamentos são importantes. Ter matérias humanistas no currículo, independentemente do curso, agrega valores não só profissionais, mas também pessoais, pois, apesar do maquinário e da tecnologia, 80% de uma empresa é composta por pessoas e precisamos saber lidar com elas”, acredita o estudante, ao lembrar que um bom profissional deve ir além da lógica e, para isso, é necessário desenvolver a maturidade.
Adaptado de: Revista Domínio FEI —Ano III- Nº 12/Julho a Setembro de 2012