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Filme sobre Vicente Cañas ganha prêmio da CNBB

KIWXI – Memória, Martírio e Missão de Vicente Cañas foi premiado como melhor curta-metragem pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) com o troféu Margarida de Prata. Instituído em 1967, o prêmio é um importante apoio à produção cultural livre do País e tem revelado nomes e confirmado diretores e produtores consagrados do cenário cinematográfico do Brasil.

O curta-metragem também recebeu a menção honrosa troféu Ir. Dorothy, tendo sido o mais votado nas redes sociais. Em entrevista ao site Vatican News, o diretor Cireneu Kuhn, afirmou que o filme é resultado de um trabalho produzido a muitas mãos. “Foi realmente uma alegria muito grande receber a notícia que o Kiwxi estava entre os três finalistas do prêmio Margarida de Prata, da CNBB. O filme não é só de uma pessoa: do diretor ou de quem quer que seja. São muitas mãos, cabeças e, sobretudo, muitos corações que se unem numa produção. Por isso, esta premiação pertence a muita gente”, ressaltou.

O filme traz depoimentos de pessoas que conviveram com o irmão jesuíta Vicente Cañas, que foi brutalmente assassinado em 1987. Segundo o diretor do curta-metragem, o que fica mais forte nas falas das pessoas é que Kiwxi, como o jesuíta era chamado pelos indígenas, era uma pessoa “fora do comum, radical em suas opções: coisas de santo”.

Kiwxi é o segundo documentário da série Os mártires da Amazônia, que está sendo coordenada pela SIGNIS América Latina e pela REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica). A produção está a cargo da Verbo Filmes. Abaixo, assista ao curta-metragem KIWXI – Memória, Martírio e Missão de Vicente Cañas, vencedor do troféu Margarida de Prata:

QUEM FOI VICENTE CAÑAS?

Nascido na província de Albacete (Espanha), em 22 de outubro de 1939, Vicente Cañas entrou na Companhia de Jesus em abril de 1961. Quase cinco anos depois, em janeiro de 1966, foi enviado em missão ao Brasil – país que adotaria como seu, naturalizando-se brasileiro. O jesuíta viveu, durante décadas, em vários povoados indígenas, levando à radicalidade o mandato de enculturação* nascido do Concílio Vaticano II. Foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário do Brasil (CIMI) e membro da Operação Anchieta (OPAN).

Em 1974, junto com o padre jesuíta Thomaz Aquino Lisbôa, Ir. Vicente Cañas estabeleceu os primeiros contatos os Myky e os Enawenê Nawê, que viviam em situação de isolamento no noroeste de Mato Grosso. Três anos mais tarde, passou a residir com os Enawenê Nawê, lutando pela preservação e demarcação do território indígena. Além disso, o jesuíta escreveu um diário de grande valor antropológico com cerca de três mil páginas. No documento, ele relata suas experiências diárias, sua comunhão profunda com os Enawenê e, também, as ameaças de morte que recebia. Anotava tudo: a finalidade de cada parte do habitat tradicional Enawenê, as invasões do território, até o que acontecia nas cabeceiras do rio Juruena, na mata e na aldeia desse povo que vivia de forma harmoniosa.

O jesuíta foi morto por defender a vida e o território dos índios Enawenê Nawê, no noroeste de Mato Grosso, aos 48 anos de idade. Em 5 de abril de 1987, o missionário fez seu último contato por rádio com os companheiros que estavam na capital mato-grossense. Na ocasião, ele avisou que pretendia subir para a aldeia indígena no dia seguinte. Assim, presume-se que sua execução ocorreu entre 6 e 7 de abril. Seu corpo foi encontrado mumificado 40 dias depois, em 16 de maio, junto ao barraco de apoio que havia construído próximo ao Rio Juruena, a 60 km da aldeia dos Enawenê Nawê.

*Enculturação – processo em que a pessoa aprende as exigências da cultura em que está inserida, adquirindo valores e comportamentos vistos como necessários para aquela cultura.

 

Fontes: Vatican News/Comunicação da Província dos Jesuítas da Espanha

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