O I Congresso Brasileiro de Teologia aconteceu, virtualmente, dos dias 3 a 6 de maio, e teve como tema: Discernir a pastoral em tempos de crise: realidade, desafios, tarefas. O evento foi organizado pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), pelo Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA), pela Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e pelo Centro Loyola de Fé e Cultura.
“Um Congresso com uma grande importância no caminho missionário de nossa Igreja”, definiu dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em suas palavras de abertura. Ele ressaltou “a esperançosa alegria de um Congresso como esse, pensando o tempo que nós estamos vivendo, um tempo de muitas obscuridades, de muitos fundamentalismos, de muitas coisas na contramão dentro da nossa própria Igreja, para não falar no coração da sociedade”. Também arcebispo de Belo Horizonte (MG), ele disse que “precisamos de lúcidas reflexões, assertivas indicações, configurando respostas para o caminho missionário da nossa Igreja”.
Dom Walmor destacou, ainda, “a importância do cristianismo para um mundo que precisa se recompor e para a sociedade brasileira, que precisa de uma reconstrução diante de tantos desmantelamentos no mundo da política, da economia, com a gravíssima crise sanitária da covid-19 e outros tantos descompassos”. Diante dessa realidade, segundo ele, o Congresso pode ser uma oportunidade de retomar entendimentos e de convocar uma Igreja mais missionária em diálogo com a sociedade pluralista.
Bispo auxiliar de Belo Horizonte e reitor da PUC Minas, dom Joaquim Mol fez um chamado a mergulhar mais profundamente na teologia que ilumina a pastoral. “Toda ação da Igreja precisa ser uma ação pastoral, ou seja, ao modo do Bom Pastor, Jesus”, afirmou o religioso.
Sobre esse assunto, Pe. Elton Ribeiro, SJ, reitor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), acrescentou: “A pastoral está no coração da Igreja, ela está sempre acontecendo”. Para o jesuíta, o evento ajudou a refletir, a pensar e a sonhar. Ele fez referência ao conceito de discernimento, fundamental para a espiritualidade inaciana e presente no tema do Congresso: “sempre um jogo entre a nossa responsabilidade e a vontade de Deus”.
Frei João Junior, reitor do ISTA, ressaltou que, num tempo em que as crises têm atingido a prática pastoral, “não nos falte o discernimento”, definindo a ideia como a “arte delicada de encontrar, nos entremeios das encruzilhadas da realidade, para onde ela nos inspira, para onde ela nos aponta”.
Durante o congresso, a importância da Teologia também despertou reflexões. “A Teologia é um serviço à Igreja e a Igreja existe para evangelizar”, afirmou Agenor Brighenti, doutor em Ciências Teológicas e Religiosas pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica). Segundo ele, “o lugar da Teologia não é a academia, são os espaços, os processos eclesiais”, advertindo sobre o risco de “uma Teologia sem o chão eclesial”, fazendo menção ao pontificado de Francisco, que tem assumido o desafio de ser um chão nas periferias.
Agenor Brighenti prosseguiu sua reflexão a partir de questões como a definição da crise que a sociedade está vivendo, a posição da pastoral nesse contexto, e os elementos que precisam assumir para contribuir com o momento. Para ele, a crise atual marcada pela pandemia, se insere numa crise estrutural anterior, segundo aquele que é considerado um dos mais destacados pastoralistas do Brasil. Ele refletiu sobre alguns elementos presentes nessa crise, como o negacionismo, a presença do capital na crise, a volta da fome, o alto índice de desemprego, a crise política, a vacinação, a necropolítica, a instrumentalização da religião, o projeto civilizacional moderno, a coisificação do ser humano e a depredação da natureza, além da crise das religiões e das democracias representativas.
“A crise atual está causando um grande impacto sobre a Igreja, sobre a pastoral”, afirmou o teólogo. Por isso, Agenor Brighenti fez um chamado a integrar a gratuidade em nossos espaços, em nossas práticas pastorais, a pensar a utopia do futuro junto às ações do presente, a junção de objetividade e subjetividade, autoridade e consenso, e assumir os locais sem fazer deles uma ilha e realizando uma descolonização da pastoral.
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Fonte: Vatican News