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IHU Ideias traz o professor e antropólogo Norton Corrêa

 

fotoNa próxima semana o IHU Ideias, do Instituto Humanitas Unisinos, vai ter um momento diferenciado. Além do habitual encontro na quinta-feira, terá uma palestra na terça-feira, dia 27. O convidado da noite é o antropólogo e professor do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Norton F. Corrêa. Ele abordará o tema “Corpo e Concepção de Pessoa Comparados no Batuque do Rio Grande do Sul e no Catolicismo” das 17h30 às 19 horas, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU.
 
Corrêa, em entrevista exclusiva à revista IHU On-Line, conta que o principal fruto de sua pesquisa antropológica sobre as religiões afrodescendentes no Rio Grande do Sul é seu livro, que, segundo ele, se tornou um clássico, pois foi escrito “para ser lido, e não dirigido a meia dúzia de acadêmicos”.
 
A coleta de informações realizada foi desenvolvida em cerca de vinte anos de convívio com os pesquisados e essa afinidade que possibilitou o bom resultado. “Devido ao tempo que passei com eles, os praticantes naturalmente começaram a ver afinidades, reciprocidades, integração de convívio entre eles. E isso, então, permite que a gente aprofunde mais a pesquisa, conheça mais, tenha mais detalhes e receba mais detalhes, possa captar determinadas coisas, assistir outras que os praticantes do Batuque muitas vezes não permitem que leigos assistam, assim por diante”, conta.
 
Para o pesquisador, “a parte mais importante do trabalho é ter entendido como é que os batuqueiros pensam”. Comparando a visão de mundo deles com a do mundo cristão, Corrêa constatou uma interessante diferença quanto a crença do que acontece com a alma depois da morte. Para os cristãos, “a alma tem um destino específico de acordo com o que o indivíduo faz com o corpo em vida. Ou seja, se tu deres prazer ao teu corpo, tu vais atingir a alma e esta vai para o inferno. E se tu não deres prazer ao corpo, a tua alma vai para o céu. Temos como exemplo os santos católicos, que boa parte foi para o céu porque sofreu. No caso dos batuqueiros, não existe uma relação entre o que tu fazes com o corpo em vida, ou seja, se tu dás prazer ou o que quer que tu faças, o destino da alma é um só. Ela fica vagando, vai para o cemitério, ou vai para outros locais na casa dos santos, onde são invocadas ou chamadas para ficar lá. Mas, elas não têm essa ideia de um sofrimento posterior ou um crime posterior. Para eles, a alma tem só um destino”.

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