Fundado em 1956, o IAP (Instituto Anchietano de Pesquisas) desenvolve estudos nas áreas de Arqueologia, Antropologia, Biologia e História. Coordenado pelo professor padre Pedro Ignácio Schmitz, atualmente o IAP realiza escavações arqueológicas em São José do Cerrito, nos Campos de Lages, em Santa Catarina.
Em janeiro, um grupo de pesquisadores, estudantes e professores estiveram no local para dar seguimento às escavações em casas subterrâneas. “É o oitavo ano trabalhando neste lugar. As casas subterrâneas são dos antepassados dos índios Xokleng, historicamente conhecidos como Botocudos, que ficaram célebres por sua resistência quando a colônia de Blumenau foi colocada bem no meio do seu território”, conta padre Ignácio.
Ele relata que as casas são atribuídas ao povoamento Jê Meridional ou, mais especificamente, aos grupos Kaingang e Xokleng. “Em nosso projeto fazemos sua história desde 500 anos de nossa era. Suas casas são chamadas subterrâneas porque, em vez de fazer as paredes para cima, as faziam para baixo, ficando para fora só o telhado em forma de chapéu chinês”, explica, ressaltando que as habitações chegam a ter 20m de diâmetro e 6m de profundidade.
O padre conta ainda que o objetivo das escavações é ampliar o conhecimento sobre o povoamento indígena antigo, buscando desvendar alguns dos mistérios que as casas subterrâneas apresentam. “Os arqueólogos da equipe procuram realizar cortes em busca de amostras de carvão de objetos materiais como os instrumentos abandonados, os resíduos conservados de sua alimentação e, quando disponíveis, os esqueletos de seus mortos. Todos eles contêm informações importantes sobre o modo de vida da população que ali viveu”, ressalta o jesuíta.
Segundo ele, um aspecto importante é que através do carvão se pode datar as estruturas subterrâneas, o que possibilita compreender de forma mais plena o desenvolvimento das sociedades indígenas da região.
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Fonte| www.unisinos.br