“Não tem maior dor no mundo que a perda da sua terra natal”. A frase atribuída ao poeta grego Eurípides, ilustra bem o drama dos refugiados e imigrantes que precisam deixar o seu lugar para tentar a sorte de uma vida melhor em lugares por vezes desconhecidos e carregando consigo somente a esperança de sucesso nesse novo lugar.
Guerras, fome, falta de condições para uma vida digna. São algumas das causas que levam um número considerável de famílias a abrirem mão de viver em seus países ou cidades. No entanto, os rótulos dados a estas pessoas ainda são muito fortes e na há uma compreensão integral da situação delas.
“No mundo globalizado jamais será possível entender a existência de pessoas refugiadas. Falta globalizar o ser humano. Mas isso será muito difícil, uma vez que, nesse processo de globalização, faltam valores éticos necessários no relacionamento de respeito entre as pessoas. Parece-me ser muito difícil a globalização sem valores humanos e sem união entre as pessoas. Assim sendo, o “rótulo” continuará nas pessoas refugiadas, muitas vezes vistas e reconhecidas como sem valor, como a massa sobrante da sociedade”, afirma Paulo Welter (foto), diretor do JRS (Serviço Jesuíta de Refugiados) em entrevista concedida à IHU Online (Instituto Humanitas Unisinos).
Paulo Welter é graduado em Ciências Jurídicas pela Unisinos, assessor do projeto Pró-Haiti e de 2008 a 2011 foi diretor nacional do Serviço Jesuita aos Refugiados em Angola.
Desde 2010, o Brasil já recebeu, aproximadamente, 5 mil haitianos. Rosita Milesi, diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos, também em entrevista concedida à IHU Online, esclarece qual o perfil dos haitianos que chegam em terrtório nacional, “Em síntese, os haitianos, ao chegarem ao Brasil, tem apresentado pedido de refúgio, mas, sendo eles efetivamente imigrantes, a solução migratória concedida pelo Conselho Nacional de Imigração é a Residência Permanente por razões humanitárias”.
Ir. Rosita ainda aponta que a migração é uma característica natural da humanidade, “Os seres humanos sempre migraram no decorrer da história. No entanto, no começo do século XXI, as migrações são motivadas, como diria Bauman, sobretudo pela busca de inclusão biológica – a sobrevivência – e da inclusão social – a plena cidadania. O mundo moderno universalizou os direitos humanos, mas os negou a grande parte da população mundial”.
Ainda assim, é grande o número de haitianos que chegam ao país em busca de emprego. A cidade de Brasiléia, no Acre, recebeu cerca de 600 haitianos nesse mês Eles são enviados para outras regiões do país. Alguns já com empregadores interessados na mão-de-obra que eles podem oferecer.
Fonte: IHU Online