Jesuíta que vive na amazônia peruana conta a alegria e os desafios dessa missão

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O escolástico Bruno Franguelli (foto), da Província BRC, está atualmente em missão em uma comunidade na amazônia peruana, vivendo com jovens indígenas e ajudando nas mais variadas tarefas. 

Confira um relato do próprio jesuíta:

 
“Foi com muita alegria e disposição que recebi a missão de viver esta etapa do magistério na selva amazônica peruana. Cerca de 20 horas distante de Lima, logo depois das cordilheiras dos Andes, temos uma prelazia confiada a Companhia de Jesus. Somos responsáveis pela formação do Clero e de toda a animação pastoral desta parcela da Amazônia.
 
Depois de passar seis meses colaborando nos labores pastorais da cidade, pedi a Companhia para adentrar mais profundamente na misteriosa vida da selva indígena. Quem conhece a incrível história dos jesuítas junto às reduções guaranis, e, mesmo quem assistiu ao fabuloso filme A Missão, pode imaginar o que significa para um jesuíta fazer-se presente nessa realidade.  Uni-me a outros dois jesuítas no incrível trabalho de servir a 270 jovens Awajuns e Yampis. Situado em uma ilha chamada Yamakai-éntsa, nosso colégio interno “Fe y Alegria” está totalmente a serviço desses nativos.
 
Quando cheguei à selva Peruana, um medo me fazia tremer: tenho fobia a serpentes. Mal posso vê-las em zoológicos que me sinto mal. Porém, busquei forças na fé e fui viver próximo ao “ninho da cobra”. O que me deixou mais tranquilo foi conhecer uma histórica profecia, muito repetida pelos jesuítas que aqui vivem há muitos anos. Segundo eles, o Beato José de Anchieta profetizou que nenhum jesuíta que realizasse missões nas selvas morreria por picada de serpentes. Pode até parecer engraçado, mas o fato é que consigo suportar meu medo fazendo memória a essas profecias de Anchieta. E, de fato, esta profecia tem se confirmado até agora, pois nenhum jesuíta jamais foi ao menos picado por alguma víbora. E eu não tenho a mínima pretensão de quebrar esta escrita!
 
Aqui, somos professores, amigos e até enfermeiros. Nossa pequena choça é um verdadeiro pronto-socorro, onde os “curumins” nos buscam a todo momento, incluindo durante algumas madrugadas, quando são acometidos por alguma enfermidade. Nosso labor aqui é constante, porém, profundamente realizador. Para mim, um garoto provindo das ruidosas selvas de pedra, esta selva natural e silenciosa é um verdadeiro oásis. A acolhida que recebi dos jovens indígenas foi maravilhosa. No início ficaram um pouco decepcionados por receber um brasileiro nada amigo do futebol, mas esta realidade foi superada quando lhes apresentei minha camisa oficial do atual campeão mundial: Corinthians!
 
Toda essa realidade que venho experimentando na partilha desta cultura, outrora tão estranha para mim, tem sido um verdadeiro toque de Deus em minha vida de jesuíta. Um privilégio que me permite seguir, com meus passos curtos e limitados, pegadas deixadas por gigantes.”
 
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