Jovens relatam experiência de Voluntariado Jovem no TO

Aprender na prática o que é partilhar, realizar serviço braçal de alvenaria – considerado pelo grupo como trabalho pesado – e despertar no próximo o sentimento comunitário foram algumas das lições que os jovens que participaram do Programa Voluntariado Jovem da Companhia de Jesus, vivenciaram durante 10 dias, entre 11 e 20 de janeiro deste ano, no vilarejo de Campo Alegre, município de Paranã (TO). A equipe, formada por 12 voluntários, entre jesuítas e jovens, teve como principal atividade conviver com a comunidade local, conhecer seus costumes, seu modo de vida e partilhar o cotidiano com cerca de cem famílias que residem na região.

O grupo foi coordenado pelo padre Jonas Carvalho de Moraes, diretor da CAJU (Casa da Juventude Pe. Burnier) de Goiânia. Ainda da mesma instituição, integraram a equipe três alunas, Gleidy Lopes de Souza, Emilly Stephany Campos e Lis Raquel do Nascimento. O Programa Voluntariado Jovem da Companhia de Jesus é uma experiência pessoal e comunitária de inserção social, oração, trabalho e reflexão. A atividade propõe o aprofundamento da vivência da solidariedade cristã e da vida comunitária, além de favorecer a reflexão sobre as causas e os modelos de superação dos desafios sociais.

O pacato vilarejo é campo de missão da Operação Mato Grosso (instituição formada por padres salesianos e missionários brasileiros e italianos) e teve dias movimentados. Durante a estada em Campo Alegre, dez casas foram selecionadas para a construção de banheiros. Houve também uma noite de espiritualidade, oficinas de Bordado e Costura para as mulheres e oficina de Dança de Rua para jovens e crianças.

Por meio do trabalho e da convivência, o jovem é sensibilizado a ser uma presença significativa no mundo, na simplicidade e no cotidiano da vida, a partir de suas possibilidades concretas. “É uma experiência maravilhosa, muito provocativa, porque só na prática é que se tem a real noção do significado e da importância de ser solidário”, afirma Breno de Oliveira, 20 anos.

 

Amadurecimento

Nascido em Belo Horizonte, Breno hoje reside em Campinas (SP), ele conta que a Companhia de Jesus e o Voluntariado Jovem lhe proporcionaram momentos de crescimento, principalmente no lado da caridade: “Senti na prática o que é partilhar. Antes sabia o significado e a importância da palavra, mas foi pelo Voluntariado Jovem que aprendi o quanto o exercício dela é importante para quem pouco tem e ainda divide com muitos”, explica.

Filho único de família de classe média mineira, Breno confessa que o convívio com os moradores de Campo Alegre mudou sua maneira de pensar em relação à própria família e ao próximo. Ele participou da construção dos banheiros e sentiu na pele a importância de estar à disposição para socorrer o outro. “Eu sempre tive tudo na mão e nunca me neguei em auxiliar em casa. Mas, é bem diferente ter que levantar cedo, trabalhar por 8 horas debaixo de sol forte para ajudar quem você nem conhece. O sentimento de solidariedade fala mais alto quando se está diante de situações críticas”, aponta.

A maioria dos jovens que esteve em Campo Alegre não tinha noção de alvenaria. Para eles, participar na construção de banheiros foi novidade. “Jamais tinha realizado algo parecido. Foi muito bom sair da minha zona de conforto e fazer algo pelo outro. Foi uma lição que me ensinou a ser menos egoísta”, relata Renilson Tomaz, 38 anos, morador de Brasília.

O servidor público relembra que, sem dúvida, a construção de mais um cômodo em cada uma das dez casas transforma o estilo de vida dos moradores. Renilson, porém, acredita que a principal mudança realizada foi o ‘despertar da ajuda mútua’, modificação que valoriza e humaniza as relações interpessoais. “Nós, voluntários, tivemos a oportunidade de sinalizar para os moradores sobre a importância do sentido de comunidade…, que é possível se fazer algo pelo vizinho e que sempre vale a pena ajudar, pois sempre se ganha ao somar as forças”, enfatiza.

 

Aprovação

O Programa Voluntariado Jovem da Companhia de Jesus tem como princípio promover o trabalho em equipe, a oração pessoal e comunitária, o serviço gratuito e disponível num estilo de vida simples, para possibilitar uma experiência sensível à situação dos que estão sedentos de vida plena.

Para a Cinzia Fiorile, missionária leiga italiana que integra a equipe da Operação Mato Grosso, o grupo de voluntários está de parabéns. Ela atua junto a comunidade de Campo Alegre desde que chegou ao Brasil, há 14 meses, e destaca que os voluntários que foram ao vilarejo realizaram bons trabalhos e abriram mão do conforto para serem solidários com os menos favorecidos. Para Cinzia, a caridade deve fazer parte de quem deseja seguir a vida cristã. “Toda a equipe se esforçou, esteve disponível e interagiu com a comunidade. A generosidade foi explícita. Tenho certeza que todos os envolvidos aprenderam muito e se tornaram mais alegres”, assegura.

Gleidy Souza estava ansiosa para integrar o Programa Voluntariado Jovem da Companhia de Jesus. Assim que completou 18 anos, idade mínima para participar da experiência, fez sua inscrição. Os dez dias em Campo Alegre ficarão guardados de forma especial em sua memória. A professora de dança, que inicialmente ajudaria na construção dos banheiros, terminou por criar a Oficina de Dança de Rua, juntamente com suas colegas Lis e Emilly. “Tiramos um dia para convidar as crianças e adolescentes. Realizamos as aulas pela manhã e à tarde. Cerca de 43 jovens participaram”, orgulha-se.

Para ela, o que mais chamou a atenção foi imensa alegria que a comunidade transmite. “Eles estão sempre sorrindo e me ensinaram que não precisa ter muito para ser feliz, que a humildade muitas vezes vale muito mais que qualquer bem material”, define. Gleidy lembra que os moradores têm uma grande vontade de vencer na vida, apesar de poucas oportunidades, pois a maioria trabalha na zona rural e não concluiu nem mesmo o ensino fundamental.

Dignidade

Por falar em alegria, ela está maior na casa do produtor rural, Manoel Ribeiro das Dores. Ele que mora com três filhos – Célio Ribeiro, 17, Elivam Vidal , 15, Marileide Vidal, 11 – sente-se sortudo por se um dos contemplados na construção do banheiro. O pequeno agricultor pedala diariamente 20 quilômetros para plantar mandioca, milho e arroz e diz que agora tem mais liberdade para se cuidar em casa. “Agora vou ao banheiro na hora que eu quero. Não preciso andar muito. Antes eu e meus filhos ficávamos limitados. Chega de balde para tomar banho!. Agora a água sai direto do chuveiro”, anima-se.

Em dez dias de programa, o vilarejo ficou movimentado. O assunto era um só: Programa Voluntariado Jovem da Companhia de Jesus. As mudanças realizadas em Campo Alegre refletiram de diversas formas, principalmente no resgate da dignidade humana. “É bom saber que gente da cidade grande se importa conosco, até ajuda a melhorar a nossa casa e nossa maneira de viver”, conta Manoel.

No sábado, 18 de janeiro, os voluntários organizaram uma festa de encerramento em que foram apresentados os trabalhos realizados nas Oficinas de Bordado e de Dança. Também houve a apresentação de talentos musicais e testemunhos das famílias que tiveram banheiros construídos em seus lares. Gratos pela atenção recebida, após a celebração da Eucaristia, os moradores de Campo Alegre ofereceram aos voluntários uma festa no domingo em retribuição. “Foi emocionante! Com o pouco que tinham, fizeram questão de agradecer e partilhar conosco. Não me esquecerei deste momento”, emociona-se Renilson.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação da CAJU

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