A colonização do Brasil aconteceu em 1500 e durante os séculos 16 e 17, o país começou a tomar forma. Cidades do Norte e Nordeste, como Salvador, Recife, Fortaleza e Pará tiveram importância histórica fundamental neste contexto, mas as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro também tiveram relevância no período colonial do Brasil. A fundação da cidade de São Paulo deu-se após uma verificação do padre jesuíta Manuel da Nóbrega, quando ainda estava em São Vicente. Nóbrega atravessou a serra do mar e ficou maravilhado com o que viu: regiões próprias para a criação de gado e todo gênero de cultivos. Além disso, viviam ali muitas nações de índios, condição perfeita para Nóbrega praticar o apostolado direto. Junta-se a esses motivos, a compreensão de Nóbrega de que a convivência dos estudantes e noviços com os colonos de São Vicente prejudicava a sua formação religiosa e moral. Com condição topográfica e econômica favorável, Nóbrega decidiu transferir o colégio para o local que ele chamou de São Paulo de Piratininga, assim denominado, já que a fundação do colégio ocorreu em 25 de janeiro, dia no qual a Igreja Católica celebra a conversão do apóstolo Paulo de Tarso. A povoação de São Paulo de Piratininga surgiu em 25 de janeiro de 1554 com a construção do colégio jesuíta por doze padres: Manuel da Nóbrega, José de Anchieta, responsáveis diretos, além de Manuel de Paiva, Afonso Brás, Vicente Rodrigues e dos Irmãos Pero Correia, Manuel de Chaves, Gregório Serrão, Diogo Jácome, Leonardo do Vale e Gaspar Lourenço. A construção deu-se no alto de uma colina escarpada, entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí. Tal colégio, o Pateo do Collegio, que funcionava num barracão feito de taipa de pilão, tinha por finalidade a catequese dos índios que viviam na região do Planalto de Piratininga, separados do litoral pela Serra do Mar, chamada por eles de “Serra de Paranapiacaba”, além das crianças do Colégio dos Meninos de Jesus.
Já em 1555, os franceses, capitaneados por Nicolas Durand de Villegagnon, apossaram-se da Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, estabelecendo uma forte colônia. Lá, ergueram o Forte Coligny, enquanto consolidavam alianças com os índios Tupinambás locais. Enquanto isso, os portugueses se aliaram a um grupo indígena rival dos tupinambás, os temiminós, e foi com o auxílio destes que começou o ataque à colônia francesa em 1560. Persistindo a presença francesa na região, os portugueses, sob o comando de Estácio de Sá, desembarcaram num istmo entre o Morro Cara de Cão e o Morro do Pão de Açúcar, fundando, em 1º de março de 1565, a cidade de “São Sebastião do Rio de Janeiro”. Uma vez conquistado o território, em uma pequena praia protegida pelo Morro do Pão de Açúcar, edificaram uma fortificação de faxina e terra, o embrião da Fortaleza de São João. Mas foi a ação da Companhia de Jesus que ajudou a garantir a retomada do território. Em 1563, os jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega conseguiram firmar a paz entre os portugueses e os tamoios, que também ameaçavam a segurança de São Paulo e de São Vicente. Anchieta permaneceu cinco meses como refém dos indígenas em Iperoig, aldeamento onde é hoje a cidade de Ubatuba, no litoral norte do estado de São Paulo. A chamada Paz de Iperoig, negociada pelos dois sacerdotes, permitiu a sobrevivência do Colégio dos Jesuítas de São Paulo e a permanência dos portugueses na costa sudeste do Brasil. A expulsão e derrota definitiva dos franceses e seus aliados indígenas, no entanto, só se deu em janeiro de 1567.
Esses aspectos do Brasil Colônia estão retratados no livro “1565 – Enquanto o Brasil Nascia” (Editora Nova Fronteira, 280 páginas), do jornalista Pedro Doria (foto), que narra a saga de portugueses, franceses, índios, negros e jesuítas responsáveis em moldar o Brasil como é hoje. A ideia do livro surgiu após o jornalista buscar obras que retratassem o início do Sudeste do Brasil em detalhes. O livro traz histórias e locais do período colonial no Rio de Janeiro e São Paulo, como o Morro do Castelo e o Colégio dos Jesuítas.