A esperança não decepciona!
O nascimento de Jesus, pobre e humilde, foi uma “revolução” silenciosa e decisiva que gerou uma transformação fundamental da humanidade. O Natal é o alegre cumprimento da promessa de salvação de Deus, em quem depositamos a nossa esperança.
Tal como experimentamos na Contemplação da Encarnação nos Exercícios Espirituais, o olhar amoroso da Trindade revela um mundo de extremas desigualdades e polarizações: bem e mal, amor e ódio, alegria e tristeza, ricos e pobres, paz. e guerra, vida e morte. Num contexto semelhante ao nosso hoje, na hora marcada, Jesus assumiu a nossa condição humana e armou a sua tenda entre nós (João 1:14). Com Santo Inácio de Loyola pedimos a graça do conhecimento interno de Jesus, para amá-lo mais profundamente e segui-lo mais de perto (Exercícios Espirituais 101-109).
Apesar dos enormes progressos realizados em várias esferas da atividade humana, o nosso mundo continua assolado por desafios perturbadores, como a degradação ecológica, a pobreza desumanizante, a crise de liderança, a deslocação em massa de pessoas e conflitos e guerras devastadores. A todos aqueles que instigam o conflito e aos que beneficiam da guerra, queremos gritar: parem! A todos aqueles que foram relegados à margem da sociedade, cuja dignidade está ferida e que suportam o peso da turbulência contínua, exortamos-vos a crescer na Esperança que não desilude.
A Companhia de Jesus, em colaboração com os nossos parceiros de missão, continuará a ministrar em lugares variados, complexos e difíceis, para levar a luz do Evangelho e trabalhar pela justiça, paz, cura e reconciliação. Que este Natal marque o início de um cessar-fogo tão necessário para inaugurar um fim pacífico, justo e equitativo aos conflitos sangrentos que desfiguram o nosso belo mundo.
O Sínodo sobre a Sinodalidade, recentemente concluído, exorta todo o Povo de Deus a tornar-se “peregrinos da esperança” (Documento Final, n. 115). Na véspera de Natal, o Papa Francisco inaugura o Jubileu da Esperança. O nosso mundo anseia por «uma esperança que não desilude» (Rm 5, 5), uma esperança que esteja enraizada, inspirada e alimentada no pobre e humilde Jesus Cristo, que deu a sua vida por amor à humanidade.
Neste Natal unimo-nos aos milhões de peregrinos que visitarão Roma para o Jubileu da Esperança 2025, e aos outros milhões que celebrarão o Jubileu nas suas dioceses e países de origem. Pedimos que cada um de nós, e todos nós, sejamos portadores e instrumentos de Esperança no nosso mundo.
Visto que “Ele [Jesus] nos amou”, podemos seguir o conselho do Papa Francisco e aprender do coração de Jesus Cristo como “relacionar-nos uns com os outros de uma forma saudável e feliz, e construir neste mundo o reino de Deus de amor e justiça. O nosso coração, unido ao coração de Cristo, é capaz de realizar este milagre social” (Dilexit nos, n. 28 – Carta Encíclica do Papa Francisco “Sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus Cristo”).
Que o nascimento de Jesus, o Príncipe da Paz, acenda o amor e a esperança nos nossos corações, nas nossas famílias, comunidades, ministérios e no nosso mundo.
Desejo-lhe um Feliz Natal e um Ano Novo de 2025 cheio de esperança!
Arturo Sosa, SJ