O padre Peter-Hans Kolvenbach, 87 anos, Superior Geral da Companhia de Jesus durante 24 anos, faleceu no último sábado (26), em Beirute (Líbano). O jesuíta, que guiou a Ordem religiosa por quase um quarto de século, ficou conhecido por sua simplicidade e moderação.
Kolvenbach nasceu em Bruten (Países Baixos), em 1928. Seu pai era comerciante em Nijmegen, onde estudou no Canisius College. Sua educação na adolescência transcorreu durante a Segunda Guerra Mundial e a ocupação nazista, um fato que, como reconheceu, lhe causou decepções pela política e pelas ideologias. Em entrevista à publicação América, em 2007, Kolvenbach falou de sua vocação e como surgiu o interesse pela Companhia de Jesus: “descobri uma pequena cartilha, que chamou a minha atenção porque continha não só palavras, mas conjuntos de linhas horizontais. Abri e li o princípio fundacional de Inácio. Em toda a agitação e decepção que a guerra havia produzido, a visão de Inácio veio como uma luz para mim”.
Assim, em 1948, ele entrou na Companhia de Jesus, no noviciado de Mariendaal, em Grave. Estudou Filosofia e Linguística. Em 1958, foi enviado ao Líbano, onde estudou Teologia na Universidade de São José de Beirute e atuou como professor. Estudou ainda armênio e foi ordenado sacerdote pelo rito cristão armênio.
No Líbano, morou por mais de 20 anos, o que marcou profundamente sua formação e personalidade. Para ele, esse período significou uma imersão no mundo Oriental, para estudar e conhecer a fundo as línguas e as tradições culturais e espirituais orientais. A experiência fez dele um defensor do ecumenismo e especialista em Oriente Médio.
Em 1974, foi nomeado provincial da Vice-província do Oriente Médio, que reúne Egito, Líbano, Síria e Turquia. Nesse mesmo ano, participou da 32ª Congregação Geral, em Roma (Itália), convocada pelo padre Pedro Arrupe, então Superior Geral da Companhia de Jesus, e que marcou um momento importante na história da Ordem religiosa, pelo compromisso assumido pela promoção da justiça como parte integrante da fé.
Durante os sete anos que serviu como provincial, ele enfrentou circunstâncias dramáticas: a guerra civil no Líbano, os ataques à Universidade de Beirute, além de vários jesuítas mortos ou sequestrados no país. Na ocasião, o padre Kolvenbach manteve contatos com vários grupos em favor das vítimas e do diálogo. Anos mais tarde, reconheceu que esta experiência foi a que mais o preparou para o cargo que ocuparia depois como Superior Geral da Companhia de Jesus.
Em 1981, padre Arrupe nomeou o jesuíta como reitor do Pontifício Instituto Oriental em Roma, que lida com as Igrejas Orientais, e está fortemente comprometido com o diálogo ecumênico.
Em 13 de setembro de 1983, padre Kolvenbach é eleito 29º Superior Geral dos Jesuítas, substituindo o padre Arrupe. Nesse período, presidiu a 34ª Congregação Geral da Companhia de Jesus, foi membro da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, entre outras atividades.
Em 14 de janeiro de 2008, na primeira sessão formal da 35ª Congregação Geral da Companhia de Jesus, renunciou sua função como Superior Geral, sendo sucedido pelo padre Adolfo Nicolás. Depois voltou ao Líbano, onde viveu seus últimos anos de vida.
A Cúria Geral dos Jesuítas informou que uma missa especial será celebrada na sexta-feira, 2 de dezembro, na Igreja del Gesù, em Roma (Itália).
Fontes: Cúria dos Jesuítas/ IHU Unisinos