O homem que sou
vem de tantos outros…
Tantos pequenos tesouros
recebidos de presente
achados com surpresa
surrupiados em segredo
Tantas fendas e brechas
abertas pelo amor
rasgadas pelas feridas
rompidas pelos recomeços
Como poderia eu devolver
a fortuna de meus tantos pedaços
sem ser despedaçado e destruído?
Como poderia eu exigir
outros tantos pedaços que
dei, perdi ou me tomaram no caminho
sem despedaçar e destruir os outros?
Minha vida única
esta dívida impagável
tem sido inteiramente saldada
pela compaixão
de muitos corações generosos
A você, meu irmão,
que carrega em si
pedaços de mim
receba, feliz, a mesma anistia
Pois você e eu
só estamos aqui porque
somos frutos de um mesmo Amor
capaz de juntar os cacos
e revelar Beleza.
Autor: Pe. Francys Silvestriny, SJ