A mesa de debates do último encontro Diálogos em Construção reproduziu aquilo que se vê na sociedade atualmente: a polarização quando o assunto é a previdência brasileira. Porém, um ponto em comum que os debatedores encontraram é que uma reforma, para evitar crises futuras e profundas e déficits ainda maiores, é necessária.
Assim, esse foi o tema que norteou a conversa promovida pelo Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), no Centro Cultural de Brasília (CCB), no dia 21 de abril. “Queremos marcar o dia de Tiradentes como uma data republicana. Ele é, para os brasileiros, símbolo da busca por direitos para aqueles que não têm força”, disse o coordenador do Diálogos em Construção, Pe. Thierry Linard.
O encontro, mediado por Luciano Fazio, consultor e autor do livro O que é previdência social (Edições Loyola, 2016), contou com a presença de representantes de três fundações partidárias: o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, pela Fundação Perseu Abramo (PT); o economista, especialista em políticas públicas e gestão governamental e consultor, Marcos Antonio Köhler, pelo Instituto Teotônio Vilela (PSDB); e o ex-senador, Renato Casagrande, pela Fundação João Mangabeira (PSB), da qual é presidente. Os participantes colocaram na mesa os problemas e as propostas para a questão da reforma em tramitação no Congresso Nacional.
“O objetivo [da conversa] é abrir espaço para a pluralidade de ideias, para que possamos conhecer claramente o pensamento doutrinário dos partidos, que têm como principais formuladores as fundações e institutos”, explica o Pe. Thierry, ao falar sobre o convite feito a técnicos e não a políticos.
Gabas e Casagrande, com um discurso mais semelhante, propuseram novas possibilidades de taxas e impostos para sanar o déficit da previdência e continuar garantindo o benefício à população. Os dois voltaram a atenção para a importância do cuidado com os mais pobres e, principalmente, moradores do campo e do interior, que têm expectativas de vida menores e, com os novos ajustes, talvez não consigam receber a aposentadoria por conta da idade mínima. Gabas levantou ainda a questão das mulheres que têm jornada dupla cuidando da casa e dos filhos e, mesmo assim, precisariam alcançar a mesma idade que os homens.
Kölher foi um ponto dissonante na conversa. Levantou questões que abordam a veracidade dos fatos apresentados por quem critica o texto atual em pauta no Congresso e a ética de quem divulga informações falsas. Afirmou que a discussão sobre a previdência está atrasada por conta de um populismo que tenta contestar frequentemente os dados que são cristalinos. Disse também que a tática de aumento da carga tributária não vai resolver o problema da previdência e quem vai sofrer as consequências são os cidadãos que ainda nem votam ou ainda nem nasceram.
Os três debatedores concordam com o rombo que há na previdência, mas se polarizam ao tentar achar soluções e pensar um novo projeto de país. Recentemente, o Pe. João Renato Eidt, provincial da Província dos Jesuítas do Brasil (BRA), divulgou um comunicado com o posicionamento da Ordem religiosa em apoio à mobilização contra a reforma.
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Fonte: CCB (Brasília/DF)