Em gesto inédito, Papa Francisco surpreendeu a todos, em 11 de abril, ao ajoelhar-se e beijar os pés dos líderes políticos do Sudão do Sul. O momento ocorreu no encerramento do retiro espiritual para a paz, que trouxe, ao Vaticano, autoridades civis e eclesiásticas que viviam em guerra pelo controle do país africano.
No encontro, Francisco pediu ao presidente da República do Sudão do Sul, Salva Kiir, ao seu ex-vice-presidente e atual líder da oposição, Riek Machar, e três outros vice-presidentes, para que respeitem o cessar-fogo que assinaram, em setembro de 2018, e se comprometam a formar um governo de união no próximo mês.
“A vocês que assinaram o Acordo de Paz, peço-lhes, como irmão, que permaneçam na paz. Peço-lhes com o coração. Vamos seguir em frente. Haverá muitos problemas, mas não tenham medo, vão em frente, resolvam os problemas. Permitam-me pedir isso com o coração, com os meus sentimentos mais profundos”, disse o Papa.
As declarações do Papa ganharam um significado maior pela situação política tensa no Sudão, país vizinho ao Sudão do Sul, onde o ditador, Omar Bashir, sofreu um golpe de Estado na manhã desta quinta-feira (11/04). O temor é de que o episódio coloque em xeque o frágil acordo de paz que pôs fim a uma sangrenta guerra civil entre os territórios.
“Penso incessantemente nessas almas sofredoras e imploro que o fogo da guerra se apague uma vez por todas, que possam voltar para suas casas e viver em serenidade. Suplico ao Deus Todo-Poderoso que a paz chegue à terra de vocês, e me dirijo também aos homens de boa vontade a fim de que a paz chegue a seu povo”, informou o Santo Padre.
O Sudão do Sul, com uma população de maioria cristã, obteve a sua independência ao separar-se do Norte árabe e muçulmano em 2011. Mas, no final de 2013, mergulhou num conflito civil causado pela rivalidade entre o presidente, Salva Kiir, e o seu então vice-presidente, Riek Machar.
O Papa Francisco encerrou o seu discurso desejando visitar o Sudão do Sul, em breve, ao lado do arcebispo de Cantuária, Justin Welby. “Confirmo o meu desejo e a minha esperança de poder ir ao vosso amado país num futuro próximo, com a graça de Deus, junto com os meus queridos irmãos aqui presentes”.
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Fontes: Franciscanos / Vatican News / Canção Nova