Em fevereiro, a intenção de oração que Francisco confia à Igreja Católica, por meio da Rede Mundial de Oração do Papa, é uma mensagem forte contra as violências que milhões de mulheres sofrem diariamente: psicológica, verbal, física e sexual. Para o Papa, esta realidade é uma “covardia e uma degradação para toda a humanidade”. Ele nos pede que rezemos pelas vítimas, “para que sejam protegidas pela sociedade e o seu sofrimento seja considerado e escutado por todos”.
“O número de mulheres espancadas, ofendidas e violadas é impressionante”, diz o Santo Padre no vídeo deste mês. De fato, as estatísticas coletadas pela Organização das Nações Unidas (ONU Mulheres), atualizadas em novembro de 2020, são chocantes: todos os dias, 137 mulheres são mortas por membros de suas próprias famílias; as mulheres adultas representam quase metade das vítimas de tráfico de pessoas em todo mundo; globalmente, uma em cada três mulheres já sofreu violência física ou sexual (e 15 milhões de meninas adolescentes, de 15 a 19 anos, sofreram estupro em todo o mundo). No ano passado, com o agravamento da pandemia, a vulnerabilidade das mulheres à violência aumentou devido à restrição de movimento, ao isolamento social e à insegurança econômica.
Embora pelo menos 155 países tenham aprovado leis sobre violência doméstica e 140 tenham legislação sobre assédio sexual no local de trabalho, para dar dois exemplos, isso não significa que as normas e as recomendações internacionais são sempre cumpridas ou aplicadas.
O padre jesuíta Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, fez a seguinte observação sobre esta intenção: “O apelo do Santo Padre é muito claro: ‘Não podemos olhar para o outro lado.’ Em outras palavras, não podemos ficar de braços cruzados diante de tantos casos de violência contra as mulheres, que se manifestam de múltiplas formas, das mais visíveis e indizíveis às mais insidiosas e inconscientes; em todos os casos, como produto de esquemas mentais arraigados e paradigmas culturais e sociais que as desvalorizam. É o que vemos no Evangelho, por exemplo, na passagem da mulher adúltera, que foi acusada por todos, mas a quem Jesus deu uma nova vida (Jo 8 2-11). A violência contra as mulheres em todas as suas formas é um grito aos céus. Francisco disse várias vezes: ‘Toda violência infligida às mulheres é uma profanação de Deus, nascido de uma mulher. A salvação para a humanidade veio do corpo de uma mulher. Pela maneira como tratamos o corpo de uma mulher, compreendemos nosso nível de humanidade’”.
Rezemos juntos por todas as mulheres vítimas de violência, inclusive meninas e adolescentes, e lutemos por uma sociedade mais justa que as proteja, ouça e alivie seus sofrimentos.